Já não me recordo se foi no Quiosque do Sr. Vítor, ou mesmo na casa dos meus pais. Estava a ler o jornal em conjunto com o meu avô. Devia ter não mais que 10 anos. Era um jornal popular, um CM ou 24 Horas. Como é tradição nessas publicações, chegou-se à página onde se anunciam os óbitos. Fotografias de velhos, não-tão velhos, novos.
Perguntou-me o meu avô se sabia o que tinha acontecido àquelas almas. Respondi que não sabia.
"Deixaram de fumar".
Como é tão natural nesta altura do ano, quem escreve pedaços de sarjeta parecidos com este propõe-se a elaborar um balanço do ano que finda.
Não o vou fazer. Primeiro porque não sei o que é um balanço. Fosse Contabilista Certificado e tudo era mais fácil. Até fazer os trocos do tabaco.
Ao invés de lamentar o facto de grandes nomes "deixarem de fumar", não quero deixar de me lembrar do que foi o fim do ano de 2015. Cerca de 5º graus, um 5.º Andar. Fogo de Artífico.
"Vamos ser pais?"
E fomos.
E somos.
Entrem bem o ano.
Sou a prova viva de que, calhando, as resoluções de ano novo verificam-se.
quinta-feira, dezembro 29, 2016
terça-feira, dezembro 13, 2016
Para não variar, um lamento
Poucos dias depois de me lançar naquilo que o capitalismo ainda proporciona, fiz o que faria qualquer amador: pesquisei na gigante net por alguém que me fizesse um site ao nível do orçamento que tinha, equivalente a uma prestação mensal de um carro de gama baixa.
Veja-se bem: encontrei. Fizeram, cobraram e foram à vida deles, se é que isso se pode dizer.
Advertiram: "Daqui a um ano, tem de renovar o servidor".
Assim fiz: um ano depois, ia elaborar um e-mail para os fulanos e, eis senão quando, descubro que já não existem.
Ou seja, hoje já não tenho site e não encontro um negócio semelhante em lado nenhum.
Acaba por ser chato.
Veja-se bem: encontrei. Fizeram, cobraram e foram à vida deles, se é que isso se pode dizer.
Advertiram: "Daqui a um ano, tem de renovar o servidor".
Assim fiz: um ano depois, ia elaborar um e-mail para os fulanos e, eis senão quando, descubro que já não existem.
Ou seja, hoje já não tenho site e não encontro um negócio semelhante em lado nenhum.
Acaba por ser chato.
segunda-feira, dezembro 05, 2016
Notas Profissionais
Desleixei-me.
Não é porque esteja gordo, que estou. Não é porque só me lembre do que precise, embora o faça. Não é porque não tenha actividade física relevante. Não tenho.
Lembro-me de, ainda na Faculdade, um caríssimo Amigo iniciar, convidando-me para tal, um blogue a favor do SIM no referendo relativo à IVG. Naquela altura, despertam-se as noções políticas, percebe-se o lado da barricada, sem prejuízo de um qualquer progresso, ou reversão, se tudo correr mal. Ideais como Democracia, Liberdade, Dignidade Humana ou Igualdade estavam no vocabulário de todo e qualquer dia. Não havia perda de pitada da vida ocorrida no poder. Chegamos a conhecer quase todos os deputados à A.R.
Hoje, em vésperas de uma eleição importante, percebo que não tomei parte em rigorosamente nada daquilo que lhe diz respeito.
Clarificando, elaboro sobre o meu absentismo no dossier "Eleições para a O.A".
Votei, claro que votei. Votei em branco.
Porque pensei "Eles são todos iguais, querem é visibilidade".
Porque não vi um debate.
Porque não abri um mail de candidaturas.
Nada. Nadinha.
Mal ou bem, um bastonário tem peso. Muito ou pouco, influencia a vida da Ordem.
Estou descrente, é o que estou. Deixei de acreditar.
Já vai para anos em que deixei de acreditar em intervenientes públicos. O último em quem pensei que poderia mudar qualquer coisa para melhor chegou a estar detido.
Em suma, nhé.
Não é porque esteja gordo, que estou. Não é porque só me lembre do que precise, embora o faça. Não é porque não tenha actividade física relevante. Não tenho.
Lembro-me de, ainda na Faculdade, um caríssimo Amigo iniciar, convidando-me para tal, um blogue a favor do SIM no referendo relativo à IVG. Naquela altura, despertam-se as noções políticas, percebe-se o lado da barricada, sem prejuízo de um qualquer progresso, ou reversão, se tudo correr mal. Ideais como Democracia, Liberdade, Dignidade Humana ou Igualdade estavam no vocabulário de todo e qualquer dia. Não havia perda de pitada da vida ocorrida no poder. Chegamos a conhecer quase todos os deputados à A.R.
Hoje, em vésperas de uma eleição importante, percebo que não tomei parte em rigorosamente nada daquilo que lhe diz respeito.
Clarificando, elaboro sobre o meu absentismo no dossier "Eleições para a O.A".
Votei, claro que votei. Votei em branco.
Porque pensei "Eles são todos iguais, querem é visibilidade".
Porque não vi um debate.
Porque não abri um mail de candidaturas.
Nada. Nadinha.
Mal ou bem, um bastonário tem peso. Muito ou pouco, influencia a vida da Ordem.
Estou descrente, é o que estou. Deixei de acreditar.
Já vai para anos em que deixei de acreditar em intervenientes públicos. O último em quem pensei que poderia mudar qualquer coisa para melhor chegou a estar detido.
Em suma, nhé.
terça-feira, novembro 29, 2016
Contributo para um estudo sobre o conceito de normalidade: de REO Speewagon a Bon Jovi
Não sou sociólogo, pelo que também não sei se cabe à sociologia explicar o que são comportamentos normais. Ser normal. Se calhar, cabe à psicologia.
Lobo Antunes escreveu "A morte de Carlos Gardel".
Carlos Gardel era um portentoso compositor de Tangos. Isto, para quem não saiba, não esclarece se era Bartender ou Músico.
Vamos partir do princípio que era Bartender. O Tango é uma bebida composta por cerveja e groselha. Num como, vertem-se cerca de dois dedos de groselha. Depois, mistura-se a cerveja.
Dá um ar "amaricado", mas serve perfeitamente para acompanhar uma interpretação de "Por una cabeza". É ver o "Perfume de Mulher".
Dito isto, nesta composição que se assemelha a algo escrito por John Doe, do Seven (What's in the box?), quero concluir com uma questão, o que é, igualmente, normal.
Como apreender o grau máximo da lamechice? A lamechice é-me cara, uma vez que a exerço. Com veemência.
Lembrei-me de REO Speedwagon e Bon Jovi. Lembrei-me de I Can't Fight this Feeling e Always.
Lobo Antunes escreveu "A morte de Carlos Gardel".
Carlos Gardel era um portentoso compositor de Tangos. Isto, para quem não saiba, não esclarece se era Bartender ou Músico.
Vamos partir do princípio que era Bartender. O Tango é uma bebida composta por cerveja e groselha. Num como, vertem-se cerca de dois dedos de groselha. Depois, mistura-se a cerveja.
Dá um ar "amaricado", mas serve perfeitamente para acompanhar uma interpretação de "Por una cabeza". É ver o "Perfume de Mulher".
Dito isto, nesta composição que se assemelha a algo escrito por John Doe, do Seven (What's in the box?), quero concluir com uma questão, o que é, igualmente, normal.
Como apreender o grau máximo da lamechice? A lamechice é-me cara, uma vez que a exerço. Com veemência.
Lembrei-me de REO Speedwagon e Bon Jovi. Lembrei-me de I Can't Fight this Feeling e Always.
quarta-feira, novembro 16, 2016
Da Representação Voluntária em Direito Civil
Algures nos anos 90, Pedro Albuquerque, filho de Ruy, decide doutorar-se em Direito e inicia a escrita da sua tese, cujo título supra reproduzo. Trata-se de uma obra fascinante, bem documentada, precisa, capaz de resolver os inúmeros problemas que a disciplina da representação traz. Pessoalmente, não seria capaz de ter concluído a minha licenciatura sem me ter cruzado com tão estimulante escrito.
Com o que acabo de escrever, duas coisas podem acontecer:
a) os motores de pesquisa passaram a incluir este texto quando alguém pesquisar por "Representação Voluntária";
b) Quem me ler, desistir.
As fotografias têm a faculdade de se inserir na previsão da norma constante de um qualquer artigo que fala em Documentos.
Estive a ver umas poucas em que consto.
Passam-se anos, quilos, pessoas. Já quase nada do que ali vi existe, no sentido que gosto de dar à existência. Foram-se as pessoas e os anos. Os quilos, como um conhecido da primária que engraçou connosco e de quando em vez quer ir lá jantar a casa, vieram.
Tudo bem, se gosto de chanfana, pago o preço. Se aprecio coisas que não saem de mim sem ginásio, ora pois.
O que mais me fascina é a roupa. A roupa, juntamente com a qualidade da imagem, é o principal GPS para localizar o evento e momento no tempo.
E nem aí. Nem. Aí.
Lembro-me de ficar melhor em roupa menos cara do que agora. Há uma foto específica, tirada numa noite que me recordo perfeitamente, que é fatal. Uma camisa que já não existe, umas calças que me servem, não em duas, mas uma perna, e um blusão, que resistiu.
Pedro de Albuquerque, que percebe tanto de representação, nunca me sossegou e escreveu sobre a representação nas fotografias. O Direito pouco diz sobre a passagem dos anos, quilos e pessoas.
Hoje mesmo, precisamente hoje, uma fotografia passou a fazer parte do passado.
Até há umas largas horas, era só uma fotografia com meses. E poucos. Agora, é uma fotografia tão válida como a de uma criança, que agora tira o Doutoramento.
Doutoramento que Pedro de Albuquerque começou a concluir nos anos 90.
Com o que acabo de escrever, duas coisas podem acontecer:
a) os motores de pesquisa passaram a incluir este texto quando alguém pesquisar por "Representação Voluntária";
b) Quem me ler, desistir.
As fotografias têm a faculdade de se inserir na previsão da norma constante de um qualquer artigo que fala em Documentos.
Estive a ver umas poucas em que consto.
Passam-se anos, quilos, pessoas. Já quase nada do que ali vi existe, no sentido que gosto de dar à existência. Foram-se as pessoas e os anos. Os quilos, como um conhecido da primária que engraçou connosco e de quando em vez quer ir lá jantar a casa, vieram.
Tudo bem, se gosto de chanfana, pago o preço. Se aprecio coisas que não saem de mim sem ginásio, ora pois.
O que mais me fascina é a roupa. A roupa, juntamente com a qualidade da imagem, é o principal GPS para localizar o evento e momento no tempo.
E nem aí. Nem. Aí.
Lembro-me de ficar melhor em roupa menos cara do que agora. Há uma foto específica, tirada numa noite que me recordo perfeitamente, que é fatal. Uma camisa que já não existe, umas calças que me servem, não em duas, mas uma perna, e um blusão, que resistiu.
Pedro de Albuquerque, que percebe tanto de representação, nunca me sossegou e escreveu sobre a representação nas fotografias. O Direito pouco diz sobre a passagem dos anos, quilos e pessoas.
Hoje mesmo, precisamente hoje, uma fotografia passou a fazer parte do passado.
Até há umas largas horas, era só uma fotografia com meses. E poucos. Agora, é uma fotografia tão válida como a de uma criança, que agora tira o Doutoramento.
Doutoramento que Pedro de Albuquerque começou a concluir nos anos 90.
quarta-feira, novembro 09, 2016
E agora, uma análise rigorosa sobre as eleições americanas e a ascenção de Trump
A perspectiva democrática anda pelas ruas da amargura.
a) Enquanto advogado, vou votar em branco para a eleição de bastonário.
b) Enquanto cidadão de Almada, creio ir votar em branco para Presidente de Câmara.
c) Se fosse sócio do Sporting, daqueles que até pode votar, votava em branco.
Foi o branco que decidiu a eleição de Trump.
a) Enquanto advogado, vou votar em branco para a eleição de bastonário.
b) Enquanto cidadão de Almada, creio ir votar em branco para Presidente de Câmara.
c) Se fosse sócio do Sporting, daqueles que até pode votar, votava em branco.
Foi o branco que decidiu a eleição de Trump.
quinta-feira, outubro 20, 2016
Sim
Agora, também eu sei o que é apaixonar-me por alguém que tem o mesmo sexo que eu.
E apaixonei-me.
E apaixonei-me.
quinta-feira, setembro 01, 2016
O inexplicável a encontrar o banal
O exorcismo é qualquer coisa parecida com uma expulsão. É preciso acreditar que há espíritos ou outras entidades não materiais e também não terrenas.Com o exorcismo pretende-se expulsar as tais entidades de um corpo. Essas entidades controlam esse corpo e farão dele o que bem entenderem. Na crença cristã e baseado em tantos filmes e alguns livros que li sobre a matéria, o exorcismo visa expulsar de um corpo um espírito do mal.
Realidade próxima desta é a chamada dor do membro fantasma. Sinteticamente, essa dor dá-se quando alguém vê amputado um membro, por alguma maleita, e continua a sentir dor proveniente daquele membro. É como se me cortassem um braço por estar infectado e eu continuasse a sentir dali dor, ainda que o braço já tenha servido de adubo.
De maneiras que ontem perdi o meu animal de estimação, o Lenine.
Já perdi outros, no passado. Senti a dor, mas, estranhamente, nada foi como agora. Estive a pensar nas razões.
Vi aquela criatura chegar à minha casa com poucos dias, nem um mês, segundo recordo. Media e pesava pouco. Explorava, cheirava. Usucapiu aqueles metros quadrados a que chamo casa num tempo record, imprevisto pelo melhor dos Códigos Civis. Levei-o ao médico amiúde. Cumpri escrupulosamente o plano de vacinação e de desparasitação. Comprei a melhor ração. Quando não pude tratar dele, deixei-o ao cuidado daqueles em quem confiava, ora os meus pais, ora os dela, ora os melhores amigos.
Ontem disseram-me que nasceu com os rins afectados. Que a maleita que sobre ele se abateu era inevitável. Que podia esconder qualquer sintoma até que os rins estivessem apenas a 25% da sua capacidade. Foi o que fez.
Naquele dia em que o vi deitar-se debaixo da minha cama, para só depois se ir deitar debaixo do meu sofá, revi cenas antigas. Fiz com ele o que faria ao meu filho: corri com ele para as urgências para tentar perceber como e porquê se estava a dar o declínio.
Ao final do dia, quando voltámos para casa, já sem ele, a casa não era a mesma. Faltava o ser que vinha a porta cumprimentar quem visitava. Faltava o ser que acompanhava religiosamente quem ia à casa de banho. Faltava um terceiro elemento na cama, tomando o que queria.
Hoje, sinto uma insuportável dor do membro fantasma. Amputada que me foi aquela parte da minha vida (da nossa), morro um pouco por dentro. Não há como parar.
O Lenine foi exorcizado da sua casa. Sem que o quisesse, sem que quiséssemos. Perdemos um pilar, ou então um ovo, se pensarmos em nós como um projecto de doce.
E aqui chego. A sofrer como uma criança pequena, com esporádicos episódios de desespero, a lamentar que algo banal como a morte, que tantas vezes se revelou e demonstrou perante mim, seja tão difícil de suportar.
Diria que: é a vida.
Mas é a morte.
Realidade próxima desta é a chamada dor do membro fantasma. Sinteticamente, essa dor dá-se quando alguém vê amputado um membro, por alguma maleita, e continua a sentir dor proveniente daquele membro. É como se me cortassem um braço por estar infectado e eu continuasse a sentir dali dor, ainda que o braço já tenha servido de adubo.
De maneiras que ontem perdi o meu animal de estimação, o Lenine.
Já perdi outros, no passado. Senti a dor, mas, estranhamente, nada foi como agora. Estive a pensar nas razões.
Vi aquela criatura chegar à minha casa com poucos dias, nem um mês, segundo recordo. Media e pesava pouco. Explorava, cheirava. Usucapiu aqueles metros quadrados a que chamo casa num tempo record, imprevisto pelo melhor dos Códigos Civis. Levei-o ao médico amiúde. Cumpri escrupulosamente o plano de vacinação e de desparasitação. Comprei a melhor ração. Quando não pude tratar dele, deixei-o ao cuidado daqueles em quem confiava, ora os meus pais, ora os dela, ora os melhores amigos.
Ontem disseram-me que nasceu com os rins afectados. Que a maleita que sobre ele se abateu era inevitável. Que podia esconder qualquer sintoma até que os rins estivessem apenas a 25% da sua capacidade. Foi o que fez.
Naquele dia em que o vi deitar-se debaixo da minha cama, para só depois se ir deitar debaixo do meu sofá, revi cenas antigas. Fiz com ele o que faria ao meu filho: corri com ele para as urgências para tentar perceber como e porquê se estava a dar o declínio.
Ao final do dia, quando voltámos para casa, já sem ele, a casa não era a mesma. Faltava o ser que vinha a porta cumprimentar quem visitava. Faltava o ser que acompanhava religiosamente quem ia à casa de banho. Faltava um terceiro elemento na cama, tomando o que queria.
Hoje, sinto uma insuportável dor do membro fantasma. Amputada que me foi aquela parte da minha vida (da nossa), morro um pouco por dentro. Não há como parar.
O Lenine foi exorcizado da sua casa. Sem que o quisesse, sem que quiséssemos. Perdemos um pilar, ou então um ovo, se pensarmos em nós como um projecto de doce.
E aqui chego. A sofrer como uma criança pequena, com esporádicos episódios de desespero, a lamentar que algo banal como a morte, que tantas vezes se revelou e demonstrou perante mim, seja tão difícil de suportar.
Diria que: é a vida.
Mas é a morte.
quarta-feira, agosto 17, 2016
Estudos sobre o património
22.
Quando era viva, a minha avó passava as tardes com mais sol ali sentada. Não propriamente ali, mas na casa dela, numa espécie de escano de madeira. A olhar ou a ler (especialmente qualquer coisa religiosa).
Já eu, quando era mais novo e era por ali que dormia a família ou parte dela, descia aquelas escadas de pedra e andava por ali, apesar do cheiro mais intenso. Ninguém queira imaginar aquele espaço antes de ser mexido.
Até que foi. Até que, religiosamente (no bom sentido de "religiosamente") todos uns anos existe um jantar (que será sempre em honra dela e da família). Este ano repetiu-se.
Eramos 22 à mesa. Entre os que estavam, não estavam e, essencialmente, os que podiam estar, quase me lembrei do Jorge Palma quando versava sobre os "serões habituais e as conversas sempre iguais".
Lembrei-me agora, mas então não.
Só senti que estávamos todos mais velhos. Tenho ideia que só a minha mãe não envelhece.
Não lamento o envelhecimento. Tenho pena que o veja. Que quase o apalpe. Louvo, porém, a renovação.
Mas pena tenho. Até porque há tanto para resolver. Tanta conversa que está em falta. Tanto, tanto.
Quando era viva, a minha avó passava as tardes com mais sol ali sentada. Não propriamente ali, mas na casa dela, numa espécie de escano de madeira. A olhar ou a ler (especialmente qualquer coisa religiosa).
Já eu, quando era mais novo e era por ali que dormia a família ou parte dela, descia aquelas escadas de pedra e andava por ali, apesar do cheiro mais intenso. Ninguém queira imaginar aquele espaço antes de ser mexido.
Até que foi. Até que, religiosamente (no bom sentido de "religiosamente") todos uns anos existe um jantar (que será sempre em honra dela e da família). Este ano repetiu-se.
Eramos 22 à mesa. Entre os que estavam, não estavam e, essencialmente, os que podiam estar, quase me lembrei do Jorge Palma quando versava sobre os "serões habituais e as conversas sempre iguais".
Lembrei-me agora, mas então não.
Só senti que estávamos todos mais velhos. Tenho ideia que só a minha mãe não envelhece.
Não lamento o envelhecimento. Tenho pena que o veja. Que quase o apalpe. Louvo, porém, a renovação.
Mas pena tenho. Até porque há tanto para resolver. Tanta conversa que está em falta. Tanto, tanto.
quinta-feira, julho 14, 2016
Palavras homófonas
Anos.
Começo por uma repetição própria: não ligo à passagem de ano. Aquela história do 31 de dezembro para 1 de janeiro. Faço festa e costuma haver álcool? Claro, mas isso (felizmente) tenho todas as semanas, com bom vinho e excelente petisco. Festa é festa e o último dia do ano é uma boa desculpa como qualquer outra.
O meu tempo de reflexão começa a 16 de Julho, terminando em Setembro. Coincide, portanto, com o início e fim das férias judiciais.
No ano transacto, por esta altura e depois de 365 dias de esforço, parti rumo à República Dominicana com a sensação do dever cumprido. Na minha estadia, apenas a preocupação de chegar a tempo à praia e marcar os jantares temáticos. Resto? Rum e charutos.
Dois meses depois de ter chegado, resolvi tentar a minha sorte por conta própria, deixando para trás mais de 6 anos de colaboração com uma prestigiada sociedade de advogados de Almada (nota lateral: em entrevistas de emprego que tive, aqui e ali durante os ditos 6 anos, vários se riram com a designação. Aparentemente o engrandecimento que faço da sociedade é cómico).
3 meses depois do início da aventura, surge outro desafio: serei pai.
Quer isto dizer somente uma coisa: se em Setembro de 2015 me tivessem dito que daí a 6 meses estaria com o meu negócio e à espera de rebento, provavelmente teria de pedir o internamento do informante.
No entanto, aqui estou.
Os receios são o que são. As certezas idem. Contudo, e porque tardo em pensar como um ser estruturado, tenho-me lembrado das palavras do Dr. Ian Malcom.
" I'm, I'm simply saying that life, uh... finds a way"
Começo por uma repetição própria: não ligo à passagem de ano. Aquela história do 31 de dezembro para 1 de janeiro. Faço festa e costuma haver álcool? Claro, mas isso (felizmente) tenho todas as semanas, com bom vinho e excelente petisco. Festa é festa e o último dia do ano é uma boa desculpa como qualquer outra.
O meu tempo de reflexão começa a 16 de Julho, terminando em Setembro. Coincide, portanto, com o início e fim das férias judiciais.
No ano transacto, por esta altura e depois de 365 dias de esforço, parti rumo à República Dominicana com a sensação do dever cumprido. Na minha estadia, apenas a preocupação de chegar a tempo à praia e marcar os jantares temáticos. Resto? Rum e charutos.
Dois meses depois de ter chegado, resolvi tentar a minha sorte por conta própria, deixando para trás mais de 6 anos de colaboração com uma prestigiada sociedade de advogados de Almada (nota lateral: em entrevistas de emprego que tive, aqui e ali durante os ditos 6 anos, vários se riram com a designação. Aparentemente o engrandecimento que faço da sociedade é cómico).
3 meses depois do início da aventura, surge outro desafio: serei pai.
Quer isto dizer somente uma coisa: se em Setembro de 2015 me tivessem dito que daí a 6 meses estaria com o meu negócio e à espera de rebento, provavelmente teria de pedir o internamento do informante.
No entanto, aqui estou.
Os receios são o que são. As certezas idem. Contudo, e porque tardo em pensar como um ser estruturado, tenho-me lembrado das palavras do Dr. Ian Malcom.
" I'm, I'm simply saying that life, uh... finds a way"
sexta-feira, julho 01, 2016
Numa tarde - Ou como quase nunca a morte de alguem é aquilo que poderiamos esperar se esperássemos efectivamente
Quando tinha cerca de seis anos, como tantas vezes ocorreu, fomos jantar a casa dos nossos tios Luís e Bela (a senhora, um doce de mulher, chama-se Isabel, mas pelo carinho que merece, assim a identifico). Por alguma razão que não me volta à memória, devo ter respondido de forma menos polida, mas de todo o modo respeitosa. Virou-se para o cão e chamou-o, usando o meu nome. Acto consumado, olhou para mim a rir-se, com alguma satisfação vingativa no olhar.
Numa outra ocasião, fui meter-me com ela. Perguntar por que razão havia Cristo morrido por nós. Só isto. Foram 6 horas de diálogo com ela, que até tinha sido freira. Não conseguiu explicar. Lembro-me de o meu antigo padrinho se rir a bandeiras despregadas. Do meu avô também.
Finalmente, num momento cronológico não alinhado com os anteriores, sentou-se na mesa de jogo que pontifica (sim, pontifica, adoro que uma mesa se destine ao jogo puro e duro) na casa dos meus pais e jogou um "pente" de sueca. Dizia: "filho, sempre tive que me virar e surpreender".
Hoje, envolvida em madeira fria, despedimo-nos dela.
Pessoas existem que não queremos que morram de forma alguma. Daí nunca imaginarmos a sua morte. Serão sempre imortais e, até certo ponto da nossa vida, são-no, porque não existe maneira que chegue o seu fim.
Este caso era diferente. Aqui, como que havia uma presunção de imortalidade. Foi um caso em que olhámos e dissemos: ela? Não cai. Não caiu.
Quando as despedidas foram proferidas, quase caiu aquela falácia que sustenta que "todos morremos sozinhos".
"Espera por mim lá em cima. Adeus, minha querida amiga".
E se eram amigas.
Se foram.
Numa outra ocasião, fui meter-me com ela. Perguntar por que razão havia Cristo morrido por nós. Só isto. Foram 6 horas de diálogo com ela, que até tinha sido freira. Não conseguiu explicar. Lembro-me de o meu antigo padrinho se rir a bandeiras despregadas. Do meu avô também.
Finalmente, num momento cronológico não alinhado com os anteriores, sentou-se na mesa de jogo que pontifica (sim, pontifica, adoro que uma mesa se destine ao jogo puro e duro) na casa dos meus pais e jogou um "pente" de sueca. Dizia: "filho, sempre tive que me virar e surpreender".
Hoje, envolvida em madeira fria, despedimo-nos dela.
Pessoas existem que não queremos que morram de forma alguma. Daí nunca imaginarmos a sua morte. Serão sempre imortais e, até certo ponto da nossa vida, são-no, porque não existe maneira que chegue o seu fim.
Este caso era diferente. Aqui, como que havia uma presunção de imortalidade. Foi um caso em que olhámos e dissemos: ela? Não cai. Não caiu.
Quando as despedidas foram proferidas, quase caiu aquela falácia que sustenta que "todos morremos sozinhos".
"Espera por mim lá em cima. Adeus, minha querida amiga".
E se eram amigas.
Se foram.
terça-feira, junho 21, 2016
Do Spoiler (ou tentativa de "homenagem")
Sou um ávido fã da série "Guerra dos Tronos".
Para quem a segue, hoje é um dia feliz.
Queria deixar aqui uma pequena "homenagem" ao melhor Vilão que aquela série conheceu: Ramsay Bolton/Snow.
Sem dúvida, a mais pérfida personagem jamais criada.
Foi magistral vê-la a agir em todo o seu esplendor. A maldade, tantas vezes aliada à genialidade, com um fim inglório, que mereceu.
Saibam e percebam: não havendo "Mindinho", o Snow tinha que recorrer aos serviços da mulher de vermelho uma vez mais.
O génio estava lá.
Para quem a segue, hoje é um dia feliz.
Queria deixar aqui uma pequena "homenagem" ao melhor Vilão que aquela série conheceu: Ramsay Bolton/Snow.
Sem dúvida, a mais pérfida personagem jamais criada.
Foi magistral vê-la a agir em todo o seu esplendor. A maldade, tantas vezes aliada à genialidade, com um fim inglório, que mereceu.
Saibam e percebam: não havendo "Mindinho", o Snow tinha que recorrer aos serviços da mulher de vermelho uma vez mais.
O génio estava lá.
sexta-feira, junho 17, 2016
Silva
Um dos meus filmes preferidos chama-se "Alta Fidelidade", ver aqui.
Numa das suas muitas cenas, quase de antologia, os empregados da Champioship Vinyl lançam uma discussão: de que temas seria composto o top 5 de músicas sobre a morte, idealmente a passar no próprio funeral?
Não é que pense nisso. Nem me faz muito sentido. Não me interessa o efeito que a música tem noutros, mas sim em mim. Estando morto, não oiço. Abro excepção para quem entende que quem presta a última homenagem deve estar rodeado de algo sonoro para além das vozes dos demais.
Ao recordar a cena, nem sei bem porquê, fui levado a pensar noutro aspecto que mistura a música com a mortalidade. Que música passava quando soube que algum ente querido tinha "partido"?
Lamentavelmente, só me lembro de uma. Ouvia-a quando soube que o meu avô não tinha resistido. Paradoxo de merda: é uma bela música. Tem um verso filho de puta: "Pode ser belo o feio visto de perto". Ainda diz: "O avesso às vezes pode dar certo".
Já tive a minha quota parte de perdas. E num período muito curto.
O pior é não me lembrar. Sinto que mandei qualquer coisa para o subconsciente só com bilhete de ida.
Assustam-me os traumas.
Numa das suas muitas cenas, quase de antologia, os empregados da Champioship Vinyl lançam uma discussão: de que temas seria composto o top 5 de músicas sobre a morte, idealmente a passar no próprio funeral?
Não é que pense nisso. Nem me faz muito sentido. Não me interessa o efeito que a música tem noutros, mas sim em mim. Estando morto, não oiço. Abro excepção para quem entende que quem presta a última homenagem deve estar rodeado de algo sonoro para além das vozes dos demais.
Ao recordar a cena, nem sei bem porquê, fui levado a pensar noutro aspecto que mistura a música com a mortalidade. Que música passava quando soube que algum ente querido tinha "partido"?
Lamentavelmente, só me lembro de uma. Ouvia-a quando soube que o meu avô não tinha resistido. Paradoxo de merda: é uma bela música. Tem um verso filho de puta: "Pode ser belo o feio visto de perto". Ainda diz: "O avesso às vezes pode dar certo".
Já tive a minha quota parte de perdas. E num período muito curto.
O pior é não me lembrar. Sinto que mandei qualquer coisa para o subconsciente só com bilhete de ida.
Assustam-me os traumas.
Pensar
É estar doente dos olhos. O que é ver como um danado?
Vamos ao mundano.
Quando era mais jovem, tinha uma tese imberbe: as raparigas (no usar luso da palavra) mais engraçadas e dotadas andavam juntas. Quase como se de um cartel se tratasse.
A tese, por força da vida, não veio a ter sucesso. Só se verificariam episódios esporádicos que serviam, não para provar, mas demonstrar que são excepção.
Isto serviu de base para ter noção de algo, mas para o futuro: o que é de bom, como o que é de mau, vem aos grupos. No plural. Confirmei, ao fim e ao cabo, que uma desgraça nunca vem só, citando o mítico povão.
Estou mal de vida? Não estou não senhor. Poderei estar? Queira deus que não, nossa senhora de Fátima.
Sucede que isto tem corrido bem. E a vida nunca corre bem para sempre.
Vamos ao mundano.
Quando era mais jovem, tinha uma tese imberbe: as raparigas (no usar luso da palavra) mais engraçadas e dotadas andavam juntas. Quase como se de um cartel se tratasse.
A tese, por força da vida, não veio a ter sucesso. Só se verificariam episódios esporádicos que serviam, não para provar, mas demonstrar que são excepção.
Isto serviu de base para ter noção de algo, mas para o futuro: o que é de bom, como o que é de mau, vem aos grupos. No plural. Confirmei, ao fim e ao cabo, que uma desgraça nunca vem só, citando o mítico povão.
Estou mal de vida? Não estou não senhor. Poderei estar? Queira deus que não, nossa senhora de Fátima.
Sucede que isto tem corrido bem. E a vida nunca corre bem para sempre.
quinta-feira, junho 09, 2016
Lâncome
Anúncios de perfume. Um pouco, tudo-nada, como os anúncios dos pensos higiénicos. Posso conceder que, quanto a estes últimos, existe uma perigosa apologia da mulher com o período que passa bem por Super-Homem.
Percebo pouco de publicidade, diria mesmo, que percebo pouco de muito em geral. Neste ramo do "saber", e também da acção, creio que a psicologia joga uma carta essencial. Daí partir para uma conclusão que tirei há muito: a raça humana pensa toda de forma parecida. A economia dirá o mesmo.
Pois bem, ontem, enquanto saboreava um sofrível choco frito à moda de Setúbal, mas somente a fazer lembrar o Sado, em conversa falou-se de aspectos específicos do nojo. Também aqui creio que a Humanidade está unida, salvo raras excepções.
Para mim, algo fez sentido há pouco, quando achei que o nojo e um seu combatente (o perfume) se podiam unir e passar uma mensagem eficaz.
Cheguei ao anúncio que me faria comprar um perfume, de caras.
Num cenário de piquenique, um fulano com os seus 150 kilinhos bem pesados está sentado numa cadeira de praia, somente de calções. À sua volta, amigos, homens, mulheres.
Está calor. O fulano sua em bica. Todo ele é água. Debaixo das suas mamas, um oceano de suor. Na barriga, pêlos pretos, grossos, de uma vida de trabalho. O homem, acto contínuo, pega num pedaço gigante de pão, encosta-o ao peito e corta-o, com uma faca sobre-dimensionada. Enquanto a faca corta, o pão vai sendo empurrado pela lâmina contra o peito do bicho. Feito o serviço, corta uma fatia de queijo Castelões da mesma forma. Junta e come.
Aparece a Cristina Ferreira em vestido azul (estou muito longe de ser fã da senhora, pelo contrário) e borrifa-se no "Comenda #7".
Para homem e mulher.
Percebo pouco de publicidade, diria mesmo, que percebo pouco de muito em geral. Neste ramo do "saber", e também da acção, creio que a psicologia joga uma carta essencial. Daí partir para uma conclusão que tirei há muito: a raça humana pensa toda de forma parecida. A economia dirá o mesmo.
Pois bem, ontem, enquanto saboreava um sofrível choco frito à moda de Setúbal, mas somente a fazer lembrar o Sado, em conversa falou-se de aspectos específicos do nojo. Também aqui creio que a Humanidade está unida, salvo raras excepções.
Para mim, algo fez sentido há pouco, quando achei que o nojo e um seu combatente (o perfume) se podiam unir e passar uma mensagem eficaz.
Cheguei ao anúncio que me faria comprar um perfume, de caras.
Num cenário de piquenique, um fulano com os seus 150 kilinhos bem pesados está sentado numa cadeira de praia, somente de calções. À sua volta, amigos, homens, mulheres.
Está calor. O fulano sua em bica. Todo ele é água. Debaixo das suas mamas, um oceano de suor. Na barriga, pêlos pretos, grossos, de uma vida de trabalho. O homem, acto contínuo, pega num pedaço gigante de pão, encosta-o ao peito e corta-o, com uma faca sobre-dimensionada. Enquanto a faca corta, o pão vai sendo empurrado pela lâmina contra o peito do bicho. Feito o serviço, corta uma fatia de queijo Castelões da mesma forma. Junta e come.
Aparece a Cristina Ferreira em vestido azul (estou muito longe de ser fã da senhora, pelo contrário) e borrifa-se no "Comenda #7".
Para homem e mulher.
terça-feira, maio 31, 2016
A composição
Um casal que solicita os meus serviços profissionais ofereceu-me uma pequena banheira.
Uma banheira onde poderei lavar a criança que ai vem.
De onde veio, ou como veio, não sei. O casal é de confiança e ofereceu, de forma efusiva, aquela composição de plástico. Aceitei-a e, para quebrar protocolos, dei dois beijinhos na cara à senhora.
Entretanto, ouvi Lou Reed e, por alguma razão, fui projectado para uma visão de pobreza, miséria e dificuldades financeiras no geral.
A música era o "Perfect Day".
A visão era qualquer coisa como uma foto dos anos 80, em que estava vestido de ganga e tinha um infante ranhoso ao colo. Devia estar a regressar de uma feira.
A questão é que sempre associei as crianças a miséria financeira. Há algo de pobre nos casais que vejo com crianças pequenas.
Até quem eu sei que é abonado me parece um mendigo quando segura um pequeno ao colo.
(Nota pessoal: para não variar, o texto está escrito com a mestria de um repetente do quarto ano. É tentar dar um ar alucinado e parecer só estúpido.)
Uma banheira onde poderei lavar a criança que ai vem.
De onde veio, ou como veio, não sei. O casal é de confiança e ofereceu, de forma efusiva, aquela composição de plástico. Aceitei-a e, para quebrar protocolos, dei dois beijinhos na cara à senhora.
Entretanto, ouvi Lou Reed e, por alguma razão, fui projectado para uma visão de pobreza, miséria e dificuldades financeiras no geral.
A música era o "Perfect Day".
A visão era qualquer coisa como uma foto dos anos 80, em que estava vestido de ganga e tinha um infante ranhoso ao colo. Devia estar a regressar de uma feira.
A questão é que sempre associei as crianças a miséria financeira. Há algo de pobre nos casais que vejo com crianças pequenas.
Até quem eu sei que é abonado me parece um mendigo quando segura um pequeno ao colo.
(Nota pessoal: para não variar, o texto está escrito com a mestria de um repetente do quarto ano. É tentar dar um ar alucinado e parecer só estúpido.)
terça-feira, maio 17, 2016
Verde
Acabou a época futebolística regular, tendo o Sport Lisboa e Benfica acabado em primeiro lugar.
Para expiar os meus pecados, quero deixar aqui, sobretudo para minha memória futura, algumas considerações e conclusões.
a) O futebol jogado foi bom/excelente. Contudo, tal verdade serve, maioritariamente, para consumo interno. À sua imagem, Jesus não tem grande futebol lá fora, à exceção do jogo com o Lokomotiv.
b) O apoio dos adeptos foi excepcional (excluindo o meu, desconfiado por natureza).
Isto foram os pontos positivos.
c) Ganhámos uma Supertaça. Mais. Nada. Nadinha. Ponta. De. Corno.
d) O Presidente, o Director Desportivo e o Treinador deviam cortar a língua. Arrogantes, errados, mal-informados, burros (porque não?)
e) O Sporting foi factor de união do Benfica. Como li: ressuscitámos um morto.
Ora,
Continuamos no caminho. Todos os anos temos subido um bocado. Este ano, a qualidade exibicional foi altíssima. Claro, há que dar continuidade.
Agora, e é este o meu problema:
Ninguém, absolutamente ninguém, na estrutura do Sporting está a aprender com os erros.
Jesus não perde a postura arrogante. Devia. A glória é para quem vence. Para quem perde é só desprezível.
O Presidente NÃO. SE. CALA.
O Octávio não desaparece.
E eu estou farto.
Tive várias conversas com quem pensa de forma diferente da minha.
Para todos, relembro: mais um ano, mais nada.
Para expiar os meus pecados, quero deixar aqui, sobretudo para minha memória futura, algumas considerações e conclusões.
a) O futebol jogado foi bom/excelente. Contudo, tal verdade serve, maioritariamente, para consumo interno. À sua imagem, Jesus não tem grande futebol lá fora, à exceção do jogo com o Lokomotiv.
b) O apoio dos adeptos foi excepcional (excluindo o meu, desconfiado por natureza).
Isto foram os pontos positivos.
c) Ganhámos uma Supertaça. Mais. Nada. Nadinha. Ponta. De. Corno.
d) O Presidente, o Director Desportivo e o Treinador deviam cortar a língua. Arrogantes, errados, mal-informados, burros (porque não?)
e) O Sporting foi factor de união do Benfica. Como li: ressuscitámos um morto.
Ora,
Continuamos no caminho. Todos os anos temos subido um bocado. Este ano, a qualidade exibicional foi altíssima. Claro, há que dar continuidade.
Agora, e é este o meu problema:
Ninguém, absolutamente ninguém, na estrutura do Sporting está a aprender com os erros.
Jesus não perde a postura arrogante. Devia. A glória é para quem vence. Para quem perde é só desprezível.
O Presidente NÃO. SE. CALA.
O Octávio não desaparece.
E eu estou farto.
Tive várias conversas com quem pensa de forma diferente da minha.
Para todos, relembro: mais um ano, mais nada.
terça-feira, maio 10, 2016
Las cosas pequeñas
Por ocasião do lançamento do novo trabalho dos Radiohead, uma das minhas agremiações musicais preferidas, muitos "críticos" vieram dizer aquilo que, para mim, é a frase mais batida de sempre do panorama crítico-musical: "É o melhor disco desde o (inserir qualquer trabalho anterior, de preferência, preferido por hipsters)."
O pior nem é ser batido, é ser mesmo estúpido, pedante e desinformado. Não neste caso, mas em todos.
A produção musical de uma banda não é uma linha recta de coerência. Há oscilações no estilo, nos membros, nas influências, nas intenções, em tanta, mas tanta coisa.
Cada álbum de uma banda não serve de "benchmark". Marcou um tempo. Foi mais vendido? Foi menos? Gostei mais?
Nada mais irrelevante. Em cada ouvido está um gosto e, segundo aquilo que penso (que reconheço ser pouco e mau), crítica não é comparar o incomparável.
Descendo ao concreto: li que o "Moon shaped pool" é o melhor álbum desde o "Kid A".
Isto irritou-me ao ponto de ter vindo aqui escrever.
É falso. Se o crítico dissesse que prefere x a y, tudo bem. Agora, basear uma crónica numa afirmação que só espelha o gosto pessoal é só ser pequeno e preguiçoso.
A crítica não pode ser uma expressão de opinião. Tem de ser objectiva, conter alguma coisa de concreto que possa servir para pensar.
Dizer que se prefere uma laranja a uma maçã é não ter mais de 6 anos e dizer que gosta mais do pai.
Amiúde acontece o mesmo na crítica cinematográfica. Menos, mas acontece.
Isto só para dizer uma coisa: se assumirmos que a música é uma arte, não há arte melhor ou pior. Podemos gostar mais de uma que de outra, mas ser pago para escrever algo sobre ela exige mais.
Exemplo: sim, eu gosto de muito do trabalho da Joana Vasconcelos. Chamem-me urso à vontade. Vou dizer que o Candeeiro gigante é pior que o naperon?
Tanta coisa para isto? Pois. Já não usava o espaço há uns tempos.
O pior nem é ser batido, é ser mesmo estúpido, pedante e desinformado. Não neste caso, mas em todos.
A produção musical de uma banda não é uma linha recta de coerência. Há oscilações no estilo, nos membros, nas influências, nas intenções, em tanta, mas tanta coisa.
Cada álbum de uma banda não serve de "benchmark". Marcou um tempo. Foi mais vendido? Foi menos? Gostei mais?
Nada mais irrelevante. Em cada ouvido está um gosto e, segundo aquilo que penso (que reconheço ser pouco e mau), crítica não é comparar o incomparável.
Descendo ao concreto: li que o "Moon shaped pool" é o melhor álbum desde o "Kid A".
Isto irritou-me ao ponto de ter vindo aqui escrever.
É falso. Se o crítico dissesse que prefere x a y, tudo bem. Agora, basear uma crónica numa afirmação que só espelha o gosto pessoal é só ser pequeno e preguiçoso.
A crítica não pode ser uma expressão de opinião. Tem de ser objectiva, conter alguma coisa de concreto que possa servir para pensar.
Dizer que se prefere uma laranja a uma maçã é não ter mais de 6 anos e dizer que gosta mais do pai.
Amiúde acontece o mesmo na crítica cinematográfica. Menos, mas acontece.
Isto só para dizer uma coisa: se assumirmos que a música é uma arte, não há arte melhor ou pior. Podemos gostar mais de uma que de outra, mas ser pago para escrever algo sobre ela exige mais.
Exemplo: sim, eu gosto de muito do trabalho da Joana Vasconcelos. Chamem-me urso à vontade. Vou dizer que o Candeeiro gigante é pior que o naperon?
Tanta coisa para isto? Pois. Já não usava o espaço há uns tempos.
domingo, maio 01, 2016
sexta-feira, abril 01, 2016
Carta a um "eu" futuro
Meu caro,
Algures em Fevereiro/Março de 2016, passaste duas semanas em São João do Estoril. Nem tu sabias que existia tal localidade, tu que dividias a linha (excluindo Sintra) entre Cascais e Estoril. A melodia abaixo levar-te-á a esses tempos.
Na altura, mal chegavas, ias aviar um chávena de café, fumar o SG matinal e ouvir os OMD. Lembravas-te do teu escritório. Do teu. Do que estavas a deixar para trás. Souvenir doutro tempo.
Quinze dias. Dez úteis. Ao segundo, foste introduzido à temática das "pinças", artefacto útil para lidar com problemas delicados.
Foram-te ditos nomes, explicadas situações. Depois, noutra altura, foram-te ditos ainda mais nomes e explicadas ainda mais situações.
Serias como que invisível aos olhos da base. Com alguma, claro, havia relações a começar, mas na tua nuca estava sempre alguém. Alguém que ta torcia e te obrigava a coçá-la. Spider sense. Macacada. Qualquer coisa.
Certo dia, o telefone tocou. Duas vezes.
Foram duas semanas. Valorizado pela chefia como nunca ou até mesmo nunca mais.
Demorou duas horas a que pudesses sair. Foi tudo debatido.
Mas o telefone tinha tocado. Era a única coisa que tinhas dito a ti próprio: se tocasse, não mais quisesses obedecer se pudesses mandar.
Quando saíste, pairava no ar uma nuvem negra. Ou lua, para poderes pensar nos CCR.
Terão ficado a pensar que saíste porque a nuvem te impedia de respirar. Tão longe disso.
Hoje, a dita nuvem (imagem a que recorro pela terceira vez e que, por isso, peço as devidas desculpas) ficou menos negra.
Ao leres, hoje mesmo, as notícias que pululam em todos os sites da especialidade, lembras-te daquelas duas semanas.
Souvenir.
quarta-feira, março 16, 2016
Pequeno, ou pequeníssimo, ensaio sobre a saudade
A saudade é uma ressaca, ainda que uma forma muito específica de ressaca.
Como todas as ressacas, também a saudade tem fim.
quarta-feira, março 02, 2016
terça-feira, fevereiro 23, 2016
A vida e qualquer coisa de Steiner, cuja obra conheço mal
A ecoar, há coisa de uma semana, na minha pequena cabeça de aprendiz: We have no more beginnings.
We? I.
Para quem gostar, qualquer coisa, apenas relacionada, aqui.
We? I.
Para quem gostar, qualquer coisa, apenas relacionada, aqui.
sexta-feira, fevereiro 05, 2016
terça-feira, janeiro 19, 2016
Toada de GNR
Por GNR entenda-se Grupo Novo Rock, a banda na qual pontifica Rui Reininho.
Do seu trabalho "Mosquito", que conta com uns anos, há uma composição musical feliz: Bem-vindo ao passado.
Dispensando-me de analisar a letra, ela veio-me à cabeça por causa de um exercício que levei a cabo ainda agora: limpar a caixa de e-mails.
Quando a dita caixa conta com alguns anos de fundação, natural é ter milhares de e-mails completamente inúteis que merecem incineração. Foi o que fiz.
Ora, se há inutilidades, também há um regresso ao passado, passado tão longínquo que é quase novo.
Dos indícios de outros tempos de estudante, até outros conducentes a alturas mais recentes, a vida é, como em tantas outras coisas, uma soma positiva das comunicações que efectuamos com terceiros.
De e-mails de pessoal que já faleceu e de outros que passaram, vê-se tudo.
O que foi e o que podia ter sido.
O que foi escrito e não devia.
Até que... matte kudasai!
Vê-se um e-mail com piropos do trolha. Do pai que deve ser terrorista, porque a fulana é uma bomba. Ou pergunta-se à fulana se ela se alivia numa caixa de areia, porque é uma verdadeira gata.
Quando se tem uma certa idade, e só aí, percebe-se que nada é circular. Especialmente o tempo.
Do seu trabalho "Mosquito", que conta com uns anos, há uma composição musical feliz: Bem-vindo ao passado.
Dispensando-me de analisar a letra, ela veio-me à cabeça por causa de um exercício que levei a cabo ainda agora: limpar a caixa de e-mails.
Quando a dita caixa conta com alguns anos de fundação, natural é ter milhares de e-mails completamente inúteis que merecem incineração. Foi o que fiz.
Ora, se há inutilidades, também há um regresso ao passado, passado tão longínquo que é quase novo.
Dos indícios de outros tempos de estudante, até outros conducentes a alturas mais recentes, a vida é, como em tantas outras coisas, uma soma positiva das comunicações que efectuamos com terceiros.
De e-mails de pessoal que já faleceu e de outros que passaram, vê-se tudo.
O que foi e o que podia ter sido.
O que foi escrito e não devia.
Até que... matte kudasai!
Vê-se um e-mail com piropos do trolha. Do pai que deve ser terrorista, porque a fulana é uma bomba. Ou pergunta-se à fulana se ela se alivia numa caixa de areia, porque é uma verdadeira gata.
Quando se tem uma certa idade, e só aí, percebe-se que nada é circular. Especialmente o tempo.
terça-feira, janeiro 05, 2016
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