Um casal que solicita os meus serviços profissionais ofereceu-me uma pequena banheira.
Uma banheira onde poderei lavar a criança que ai vem.
De onde veio, ou como veio, não sei. O casal é de confiança e ofereceu, de forma efusiva, aquela composição de plástico. Aceitei-a e, para quebrar protocolos, dei dois beijinhos na cara à senhora.
Entretanto, ouvi Lou Reed e, por alguma razão, fui projectado para uma visão de pobreza, miséria e dificuldades financeiras no geral.
A música era o "Perfect Day".
A visão era qualquer coisa como uma foto dos anos 80, em que estava vestido de ganga e tinha um infante ranhoso ao colo. Devia estar a regressar de uma feira.
A questão é que sempre associei as crianças a miséria financeira. Há algo de pobre nos casais que vejo com crianças pequenas.
Até quem eu sei que é abonado me parece um mendigo quando segura um pequeno ao colo.
(Nota pessoal: para não variar, o texto está escrito com a mestria de um repetente do quarto ano. É tentar dar um ar alucinado e parecer só estúpido.)