Algures nos anos 90, Pedro Albuquerque, filho de Ruy, decide doutorar-se em Direito e inicia a escrita da sua tese, cujo título supra reproduzo. Trata-se de uma obra fascinante, bem documentada, precisa, capaz de resolver os inúmeros problemas que a disciplina da representação traz. Pessoalmente, não seria capaz de ter concluído a minha licenciatura sem me ter cruzado com tão estimulante escrito.
Com o que acabo de escrever, duas coisas podem acontecer:
a) os motores de pesquisa passaram a incluir este texto quando alguém pesquisar por "Representação Voluntária";
b) Quem me ler, desistir.
As fotografias têm a faculdade de se inserir na previsão da norma constante de um qualquer artigo que fala em Documentos.
Estive a ver umas poucas em que consto.
Passam-se anos, quilos, pessoas. Já quase nada do que ali vi existe, no sentido que gosto de dar à existência. Foram-se as pessoas e os anos. Os quilos, como um conhecido da primária que engraçou connosco e de quando em vez quer ir lá jantar a casa, vieram.
Tudo bem, se gosto de chanfana, pago o preço. Se aprecio coisas que não saem de mim sem ginásio, ora pois.
O que mais me fascina é a roupa. A roupa, juntamente com a qualidade da imagem, é o principal GPS para localizar o evento e momento no tempo.
E nem aí. Nem. Aí.
Lembro-me de ficar melhor em roupa menos cara do que agora. Há uma foto específica, tirada numa noite que me recordo perfeitamente, que é fatal. Uma camisa que já não existe, umas calças que me servem, não em duas, mas uma perna, e um blusão, que resistiu.
Pedro de Albuquerque, que percebe tanto de representação, nunca me sossegou e escreveu sobre a representação nas fotografias. O Direito pouco diz sobre a passagem dos anos, quilos e pessoas.
Hoje mesmo, precisamente hoje, uma fotografia passou a fazer parte do passado.
Até há umas largas horas, era só uma fotografia com meses. E poucos. Agora, é uma fotografia tão válida como a de uma criança, que agora tira o Doutoramento.
Doutoramento que Pedro de Albuquerque começou a concluir nos anos 90.