quarta-feira, outubro 31, 2007

Perdões: Perspectiva

Quando examinamos o Perdão, o prisma de análise tem de ser o mais abrangente possível: há que o ver a montante, com os requisitos, e a juzante, com os efeitos. No meio, há o conceito, que só se pode perceber e obter depois de se saberem pressupostos e efeitos.
Por partes.
Para perdoar é preciso querer. Não há outro remédio, ou se nasce com capacidade para isso, ou então o rancor converte-se no amigo das horas sombrias. Depois, a causa tem de ser digna de perdão. Não é tudo perdoável. Ainda que alguns digam que tudo se perdoa, humanamente, isso é impossível. Por fim, há que se estar preparado para investir a confiança que havia no passado, naquele que merece o perdão. Tudo tem de voltar a ser o que era antes.
Depois, há o perdão, que desencadeia efeitos. Não voltamos a odiar, ou a querer mal. A vida presume-se. Segue o seu rumo. Tudo é normal. Recupera-se a fé na humanidade. Não existe lista de inimigos. Sentimos que estamos prontos para outra. Sentimos que o acto foi tão grande que nunca mais vamos ter de o repetir.
No fundo, e tendo isto em linha de conta, perdoar é absolver. Perdoar é tornar nulo o acto que nos feriu.
Esquema:

Acto--------Perdão-------Seguimento

Depois de Perdoar, a vista é retroactiva:

Seguimento--------