quarta-feira, outubro 31, 2007
Perdões: Perspectiva
Por partes.
Para perdoar é preciso querer. Não há outro remédio, ou se nasce com capacidade para isso, ou então o rancor converte-se no amigo das horas sombrias. Depois, a causa tem de ser digna de perdão. Não é tudo perdoável. Ainda que alguns digam que tudo se perdoa, humanamente, isso é impossível. Por fim, há que se estar preparado para investir a confiança que havia no passado, naquele que merece o perdão. Tudo tem de voltar a ser o que era antes.
Depois, há o perdão, que desencadeia efeitos. Não voltamos a odiar, ou a querer mal. A vida presume-se. Segue o seu rumo. Tudo é normal. Recupera-se a fé na humanidade. Não existe lista de inimigos. Sentimos que estamos prontos para outra. Sentimos que o acto foi tão grande que nunca mais vamos ter de o repetir.
No fundo, e tendo isto em linha de conta, perdoar é absolver. Perdoar é tornar nulo o acto que nos feriu.
Esquema:
Acto--------Perdão-------Seguimento
Depois de Perdoar, a vista é retroactiva:
Seguimento--------
terça-feira, outubro 30, 2007
Inquietações
Neste momento temo que, para saber algo que me inquieta, tenha que passar por algo que não me interessa.
Não há de ser nada.
segunda-feira, outubro 29, 2007
Refutação; Segue
Há manhãs que primam por uma desejável hostilidade: não é que não venham a ser dias fantásticos, o ponto chave é que fazem, logo, perceber que, para obter o ganho, o proveito, vai haver suor, trabalho, dor e ardor.
Naquela foi mesmo assim.
Li, ontem, umas memórias escritas sobre o Prof.Antunes Varela, aquando da sua morte, isto no site da ordem. Diziam que dividia o dia em 3, para ter tempo para tudo. Ironicamente, não simpatizo muito com a personagem do defunto académico, mas que a divisão fazia sentido, fazia mesmo.
A manhã destinou-se à judicatura, exercício prático da dita cuja, para ser mais preciso.
A tarde destinou a preparar a noite.
A noite serviu para preparar o resto de uma vida.
Chegados a este ponto, os adeptos do grafismo desenhariam um segmento de recta, que teria início na noite referida e, alongado o citado segmento, terminariam o rabisco no dia de hoje, tudo com datas incluídas. Se eu imaginar esse segmento, consigo lembrar-me de momentos únicos e enriquecedores, que me ajudaram a concretizar esse imperativo constitucional, que é o livre desenvolvimento da personalidade. Não vejo datas, vejo acontecimentos. Vejo (e essa visão é o fundamento do texto) o grau aumentativo de um adjectivo. Vejo uma entrada em mora e o pagamento dos juros por ter estado tantos anos arredado do cumprimento do sentido da vida, da prossecução da lenda pessoal.
Se calhar encontrei a minha. Encontro-a todos os dias.
domingo, outubro 28, 2007
Musica Para a Semana
É costume estarem por cá.
Porque são os melhores, é essa a razão.
Agora, aparecem de novo. Com a melhor música de sempre.
sábado, outubro 27, 2007
Direito
Falava-se, ontem, de administração escolar, problemas e delinquência.
Não há palavras para descrever aquilo que senti, ao ouvir o relato de dois acontecimentos que tiveram lugar no arrabalde da grande Lisboa.
Primeiro acontecimento:
Determinada fulana agride outra, fora da escola. O Presidente do Conselho Executivo chama-a e diz-lhe que a vai castigar pelo sucedido. A rapariga responde: "fora da escola, não manda".
Lamento imenso, mas só me consegui lembrar da defesa por excepção: o tribunal era incompetente? Por acaso não, nas áreas circundantes à escola, pode o Presidente aplicar medidas disciplinares aos alunos que se envolvam neste tipo de coisas.
Mas realce-se a inteligência: não sabe nada de direito, não sabe nada de competência, incompetência, muito menos sabe que aquilo é uma defesa capaz.
Ainda assim, usou-a.
Segundo acontecimento:
A mesma fulana que agrediu a outra empresta 70 cêntimos a alguém. Passado tempo, não vendo satisfeito o pagamento do mesmo, resolve de acordo com a lei: no meio de uma aula, levanta-se e leva o telemóvel do devedor. Até que lhe pague.
Garantias reais: penhor.
A razão do meu "gelo" ao ouvir isto é básica: terei feito processo civil de forma débil por responder de forma pouco satisfatória a uma pergunta sobre competência. Falhei na oral de obrigações por não dominar o mecanismo das garantias.
Em poucos dias, uma cidadã da Quinta da Princesa aplica, na perfeição, aquilo que me demorou um ano a assimilar, e muito mal. Conseguiu, o espécime, numa assentada, fundamentar o Direito Civil e explicar-lhe a sua natureza "humana", quando eu a coloco num pedestal demasiado elevado.
O Prof. Alexandrino dizia que "acreditar não é saber".
Eu digo que "Estudar não é perceber".
Lei do Caroucho - Lei 25/2007 de 25 de Outubro
(Noção e Âmbito de Aplicação)
1) Serve a presente lei para dispôr e regular sobre a Carouchada
2) É Caroucho quem, designadamente:
a) Falar umas coisas de Crioulo;
b) Tratar todas as Mulheres por "Dama" e todos os Homens por "Damo";
c) Habitar na margem sul do Tejo ou na periferia da zona residencial de Sintra
Artigo 2º
(Deveres)
É dever do Caroucho, designadamente:
a) Fumar, segurando o cigarro com o indicador, polegar e médio;
b) Guardar o Cigarro atrás da orelha;
c) Guiar como um Mitra;
d) Ser Hip-Hop;
e) Ouvir música Africana;
f) Saber o que é uma arma branca
Artigo 3º
(Direitos)
São direitos do Caroucho, designadamente:
a) Usar boné como se isso constasse da sentença de interdição;
b) Passar por débil mental;
c) Ter uma namorada que use vaselina no cabelo;
d) Habitar num bairro duvidoso;
e) Sobressaltar idosos e crianças
Artigo 4º
(Função Social)
1) Em nome da dignidade da pessoa humana, compete ao Caroucho cumprir a missão de destoar no tecido social, empregando os meios que ache conformes e adequados.
2)Não pode, em caso algum, converter-se o Caroucho num exemplar cidadão.
Artigo 5º
(Procriação do Caroucho)
1) É livre, o Caroucho, de escolher a sua parceira, desde que esta seja uma Caroucha.
2) É lícito à Caroucha exercer o direito de representação quando escolhida por um Caroucho que ela considere "epá tipo, naaa "
Artigo 6º
(Família do Caroucho)
1) Os parentes do Caroucho, em linha recta, devem encontrar-se:
a) Presos;
b) Drogados;
c) Desempregados
2) A prole do Caroucho deve:
a) Seguir as pisadas dos país
b) Não diferir, em idade, em mais de 15 anos, de filhos para país
c) Ter aparência semelhante a um jagunço da idade média
Artigo 7º
(Ocupação Laboral)
1) São, preferencialmente, ocupações profissionais do Caroucho:
a) Requisitar 50 cêntimos;
b) Pedir orientação de cigarros;
c) Venda de bem alheio;
d) Alienação de bens que a lei não permita;
e) Organização do parque automóvel
2) De forma alguma deve o emprego do Caroucho ser honesto e tributável.
Artigo 8º
(Disposições Finais)
1) A tutela do Caroucho é dever social e, como tal, merece atenção comunitária.
2) Compete ao Governo a propagação da espécie por todo o territótio nacional.
3) R.A não devem ser discriminadas.
Artigo 9º
(Entrada em vigor)
Entrou ontem.
Publique-se
quinta-feira, outubro 25, 2007
Estados
Devo-o inteiramente à minha meia bola.
segunda-feira, outubro 22, 2007
Gente com Confiança
domingo, outubro 21, 2007
Musica Para a Semana
No need to explain.
É que a palavra da semana passada foi "Pimp".
A desta semana será gigolo.
Dicas de Engate
"Nicolau"
"Nicolau? Nunca te vi por cá. Deve ser por teres "Lau Profile".
Não vi, contaram-me.
Ainda assim, dado o espaço onde teve lugar este diálogo digno de registo, o estar-se profundamente "tocado" não justifica uma anedota destas.
Para conferir resultados, gostava de saber se serviu para alguma coisa, se acabaram em algum sitio, que não aquele, as almas intervenientes.
Não me parece.
quarta-feira, outubro 17, 2007
domingo, outubro 14, 2007
Musica Para a Semana
Fica, desde já, registada.
É das minhas preferidas.
No meu modesto entendimento, só não gosta dela quem não a entende.
Grande videoclip, realizado pelo Mestre Manoel de Oliveira.
quinta-feira, outubro 11, 2007
Conceito Material de Crime
Rapaziada com droga a mais.
Direito, finalmente.
quarta-feira, outubro 10, 2007
Ao jantar
- "Eheh, pareces o Johnny Depp!
- "Yeah!"
- "Desculpa, queria dizer Johnny Bravo"
terça-feira, outubro 09, 2007
Frases de Gente que Gostava de Tratar o Miguel Torga por O Torga
- David Fonseca
Frases de Gente que Gostava de Tratar o Miguel Torga por O Torga
- David Fonseca
segunda-feira, outubro 08, 2007
Ridículo
A., individuo (é a única tirada cómica), está num programa de T.V, naqueles tipo "Sabe mais que um miúdo de 10 anos". Sabem que mais, era esse mesmo.
Adiante.
A pergunta é: Bispos, Padres e Cónegos fazem parte do Clero Regular ou Secular.
A. responde, diz que é Regular. Atrás de si, toda a sua família une as mãos. Mas porquê?
Deve ser da fé.
Ora bem, aqui, neste programa familiar se chega à conclusão sobre o papel da fé. Fé que move montanhas, fé imbatível.
Num cenário pragmático, pergunto: é por haver fé que a resposta errada passa a estar certa? É por estarem com as mãos unidas que o clero passa a ser regular? É por haver aqueles olhos fechados a fazer força que os manuais de história mudam?
Não.
Mas, numa onda de exemplos destruidores da crença, pense-se no mundo académico.
Faço um exame. Perguntam-me assim: António atropela Bento. António conduzia negligentemente, acima do limite de velocidade. Destrói o carro de Bento. Na sequência do acidente, Bento, que ia fechar um negócio da china, fica impossibilitado de fazer seja o que for: partiu as duas pernas, a cabeça, fracturou a coluna e diz-se mesmo que a sua mulher morreu do choque, quando soube que o marido estava envolvido em tão grave acidente.
Tem António alguma chance de evitar a indemnização, mas uma mesmo muito boa indemnização, a Bento.
Digo que sim, é óbvio, então não?
Agora vou ter fé no que disse.
Musica Para a Semana
É meu costume entrar em mora, no que toca a posts em blogs.
Não me esqueço, ainda assim, que há que assinalar o início da semana da melhor forma.
Fica Asian Dub Foundation, uma mistura de nada com coisa nenhuma. Original, fica no ouvido, dá alguma pedalada e tem a boa velha virtude de não estar enquadrada em género algum.
Recomenda-se
domingo, outubro 07, 2007
Vidas
Mas hoje acordo e descubro: passei um fim-de-semana prolongado sem pôr um pé num local que não fosse a minha casa. Não tomei café com ninguém. Não fui beber uma cerveja com alguém que tivesse personalidade jurídica, mas também não tomei nada com quem não tivesse.
"Descansei". Seria muito bom, e seria mesmo, se eu estivesse cansado.
Ver o que reserva o domingo.
sexta-feira, outubro 05, 2007
Ciclo Vicioso
- Estou Feliz por vivermos num sistema republicano;
- Só vivemos num sistema republicano depois de ter sido implementada a dita cuja república;
- Ela foi implementada a 5 de Outubro de 1910
- Hoje celebra-se o 97º aniversário da data
- Estamos a dia 5 de Outubro de 2007
- Vivemos numa republica
- Estou feliz.
Porque não há nada como ela.
quinta-feira, outubro 04, 2007
Tríptico
Depois de passar largos anos da minha vida a reverter para a jocosidade todo e qualquer sentimento afectivo que um próximo sentisse, eis que me vejo ao espelho.
Falemos em unidades métricas. Comecemos pelas horas: 72. Seguem-se os quilómetros: cerca de 250. Finalmente, o número de alfinetes a espetarem-se-me nas costas, por cada segundo: 1000000000000000000000000.
É doloroso.
Não caibo em mim. Fui superado por algo transcendente.
E como é bom.
Vai custar.
Já custa.
Demais.
quarta-feira, outubro 03, 2007
terça-feira, outubro 02, 2007
Leis da Vida
(Frase de um Polaco)
(Se não era Polaco, pelo menos, era homem)
(Sim)
(É isso)
segunda-feira, outubro 01, 2007
Funcionamentos
Tem a ver com trabalho, mais propriamente, com a falta dele.
Começou a sério.
(Texto completamente aparvalhado pelo sentimento de que o blogger é detentor, sentimento esse nunca abandonado, desde a escola primária. Porque, e vamos deixar-nos de tretas, enquanto se é estudante, nada sabe melhor que um furo ou mesmo um cancelamento de aula. Nada)
Musica para a Semana
Início: todos os domingos haverá uma musica que ilustre, de alguma forma, aquilo que vai ser a semana.
Escolhe-se esta numa altura em que se fala no início de aulas práticas.
Ora, quando se começa esta via sacra até à estação dos exames, não se para.
Homens grandes choram, e quando começam nunca param.
Assim, "Start me up", Pedras Rolantes.
Avós do Rock
Lembranças "in the middle of the night"
Com algum esforço, consigo relembrar cada conversa, cada estado de espírito.
Sem esforço nenhum, recordo as motivações que nos levavam lá.
No princípio, no meio, agora.
Nunca mais fomos ao Picoas.
Lembranças "in the middle of the night"
Com algum esforço, consigo relembrar cada conversa, cada estado de espírito.
Sem esforço nenhum, recordo as motivações que nos levavam lá.
No princípio, no meio, agora.
Nunca mais fomos ao Picoas.