Um dia gostava de ser um bom advogado.
(Nota para efeitos profissionais: não perdi nenhuma acção hoje. O que me incomoda mesmo é não saber se a vou ganhar e a vitória era a única forma de justiça no caso concreto).
Um bom advogado sabe.
quarta-feira, fevereiro 25, 2015
terça-feira, fevereiro 24, 2015
Terapia
Num sketch da Porta dos Fundos, o cenário é o Tribunal. O Advogado defende a sua constituinte alegando que só está acusada porque o mundo está cheio de invejosas. Às tantas, é citada uma vizinha, ao que se segue qualquer coisa como:
- Essa senhora tem falta de terapia.
- Terapia?
- Sim, terapia cheia de pratos para lavar.
Também eu tenho falta disso agora, pelo que escrevo.
Estava a atender um cliente no meu gabinete. Um cliente. No gabinete. Estávamos a falar de coisas jurídicas e da vida do desgraçado que está numa luta pela lavagem da honra quase perdida. Eis que sucede o impensável.
Um gordo. Um filho da puta de um gordo velho.
Sem avisar, entra no meu gabinete dirige-se ao meu cliente e pergunta-lhe se traz mais alguém. O cliente diz que não ao que o gordo, o filho da puta do gordo, responde: "Ah, é que deixou a porta aberta!", rematando com um olhar de censura e um encolher de ombros.
O filho da puta é advogado? Não. É jurista? Não. Tem alguma formação na área do secretariado? Não. Sabe alguma coisa da vida? Pelos vistos sabe tudo menos o essencial: se desse um tiro na cabeça fazia um favor à humanidade.
- Essa senhora tem falta de terapia.
- Terapia?
- Sim, terapia cheia de pratos para lavar.
Também eu tenho falta disso agora, pelo que escrevo.
Estava a atender um cliente no meu gabinete. Um cliente. No gabinete. Estávamos a falar de coisas jurídicas e da vida do desgraçado que está numa luta pela lavagem da honra quase perdida. Eis que sucede o impensável.
Um gordo. Um filho da puta de um gordo velho.
Sem avisar, entra no meu gabinete dirige-se ao meu cliente e pergunta-lhe se traz mais alguém. O cliente diz que não ao que o gordo, o filho da puta do gordo, responde: "Ah, é que deixou a porta aberta!", rematando com um olhar de censura e um encolher de ombros.
O filho da puta é advogado? Não. É jurista? Não. Tem alguma formação na área do secretariado? Não. Sabe alguma coisa da vida? Pelos vistos sabe tudo menos o essencial: se desse um tiro na cabeça fazia um favor à humanidade.
segunda-feira, fevereiro 23, 2015
Adenda ao Nepotismo
Num tom mais confessional, e com sono (o que me dá forte para a depressão), aqui vai um relato:
Já há muito que deixei, de facto, de trabalhar para uma sociedade. Agora, trabalho para uma família. Isto seria bom se a família fosse a Azevedo, Mello, Amorim e, na locura, Corleone. Mas não. Ser da margem sul, com tudo de bom que de lá advém, oferece, não raras vezes, uma purga olimpica, de maneiras que trabalho para os Silva.
Os Silva são pessoas de origem humilde. Ora, isso não é virtude nenhuma, refira-se. Ter uma origem humilde está no plano de a humanidade ter de respirar para viver ou ter nascido preto. Não se escolhe, é assim e pronto.
Adiante.
A verdadeira nobreza está nos actos praticados quando se deixa de ser humilde, a nível financeiro. Eis que chega a bifurcação: de um lado, ser um merdas mete-nojo que agita a nota como se exibisse a taça da liga dos campeões; por outro, continuar a ser um ser sóbrio, que faz a sua vida, sem que o poder recém-adquirido lhe suba à cabeça.
A família Silva é constituída por Silvas mais velhos e Silvas mais novos. Dos novos falei anteriormente. Hoje é dos velhos que me ocupo.
Conheço a matriarca. Não conheci o patriarca. Conheço filhos, noras, netos.
Estamos a falar de um clã em que perto de 100% dos elementos não vale um chavelho.
Para aquela agremiação familiar, estou em crer que tenho o mesmo valor de um caniche, isto é, um cão com bastante volume, ainda que pequeno, que merece uma taça de ração e água.
Um dos Silvas é meu patrão. Tudo bem, quase todos temos um. Não vem mal ao mundo. Ideal era sermos todos patrões.
Esse Silva tem um irmão Silva. E esse irmão Silva tem a dignidade que a Constituição lhe confere. É problemático, uma vez que também tem personalidade jurídica. Isto é simples: não pode ser atropelado voluntariamente, ter um acidente provocado por terceiros que o vitimize mortalmente ou magoe muito, nem lhe podemos imputar condutas de orientação duvidosa.
E é este o meu lamento.
Obrigado, bom dia.
(Estou a escrever este post de irritação porque o homem entrou no meu gabinete e tive de levar com um tratado sobre a temperatura certa do Ar Condicionado. Quase me proibiu de ter frio. Se calhar, proibiu mesmo.)
Já há muito que deixei, de facto, de trabalhar para uma sociedade. Agora, trabalho para uma família. Isto seria bom se a família fosse a Azevedo, Mello, Amorim e, na locura, Corleone. Mas não. Ser da margem sul, com tudo de bom que de lá advém, oferece, não raras vezes, uma purga olimpica, de maneiras que trabalho para os Silva.
Os Silva são pessoas de origem humilde. Ora, isso não é virtude nenhuma, refira-se. Ter uma origem humilde está no plano de a humanidade ter de respirar para viver ou ter nascido preto. Não se escolhe, é assim e pronto.
Adiante.
A verdadeira nobreza está nos actos praticados quando se deixa de ser humilde, a nível financeiro. Eis que chega a bifurcação: de um lado, ser um merdas mete-nojo que agita a nota como se exibisse a taça da liga dos campeões; por outro, continuar a ser um ser sóbrio, que faz a sua vida, sem que o poder recém-adquirido lhe suba à cabeça.
A família Silva é constituída por Silvas mais velhos e Silvas mais novos. Dos novos falei anteriormente. Hoje é dos velhos que me ocupo.
Conheço a matriarca. Não conheci o patriarca. Conheço filhos, noras, netos.
Estamos a falar de um clã em que perto de 100% dos elementos não vale um chavelho.
Para aquela agremiação familiar, estou em crer que tenho o mesmo valor de um caniche, isto é, um cão com bastante volume, ainda que pequeno, que merece uma taça de ração e água.
Um dos Silvas é meu patrão. Tudo bem, quase todos temos um. Não vem mal ao mundo. Ideal era sermos todos patrões.
Esse Silva tem um irmão Silva. E esse irmão Silva tem a dignidade que a Constituição lhe confere. É problemático, uma vez que também tem personalidade jurídica. Isto é simples: não pode ser atropelado voluntariamente, ter um acidente provocado por terceiros que o vitimize mortalmente ou magoe muito, nem lhe podemos imputar condutas de orientação duvidosa.
E é este o meu lamento.
Obrigado, bom dia.
(Estou a escrever este post de irritação porque o homem entrou no meu gabinete e tive de levar com um tratado sobre a temperatura certa do Ar Condicionado. Quase me proibiu de ter frio. Se calhar, proibiu mesmo.)
sexta-feira, fevereiro 20, 2015
Nepotismo
A filha do meu chefe está hoje a passar o dia no escritório onde eu e o respectivo pai exercem a sua profissão.
Já trabalho no referido espaço há mais de 5 anos. Conheço-a quase desde o início da minha estadia.
Cumpre dizer que está na mesma.
Agora, os pormenores. Dizer a alguém que está na mesma só é elogio para velhos. "Estar na mesma" em qualquer idade que não seja a terceira é profundamente merdoso. "Sempre foste um infantil e para sempre serás".
Ora, o espécime está na mesma desde que a conheço. É capaz de se pôr a cantar a altos berros (o que só ajuda numa actividade que precisa de silêncio) de repente, é capaz de não falar às pessoas e olhar de lado a mostrar quem manda (não sucedeu hoje) como é capaz de sabotar o trabalho administrativo.
Eu lembro-me quando tinha a idade dela. Não era assim.
Nunca fui assim.
Ao fim e ao cabo, o que esteve errado comigo só me prejudicava a mim. Era e sou gordo. Curioso, no meio disto tudo, ninguém diz àquela vitela que é mal educada. Já eu estou sempre a ouvir que sou gordo.
Sempre ouvi.
Já nunca ouvi ninguém repreender outrém pela falta de educação.
Deve ser por isso que estou condenado e ela terá virtude como futuro.
Não vivi noutros tempos, nem noutras sociedades, mas aqui e agora, fere mais a aparência física que a detestabilidade intrínseca.
Já trabalho no referido espaço há mais de 5 anos. Conheço-a quase desde o início da minha estadia.
Cumpre dizer que está na mesma.
Agora, os pormenores. Dizer a alguém que está na mesma só é elogio para velhos. "Estar na mesma" em qualquer idade que não seja a terceira é profundamente merdoso. "Sempre foste um infantil e para sempre serás".
Ora, o espécime está na mesma desde que a conheço. É capaz de se pôr a cantar a altos berros (o que só ajuda numa actividade que precisa de silêncio) de repente, é capaz de não falar às pessoas e olhar de lado a mostrar quem manda (não sucedeu hoje) como é capaz de sabotar o trabalho administrativo.
Eu lembro-me quando tinha a idade dela. Não era assim.
Nunca fui assim.
Ao fim e ao cabo, o que esteve errado comigo só me prejudicava a mim. Era e sou gordo. Curioso, no meio disto tudo, ninguém diz àquela vitela que é mal educada. Já eu estou sempre a ouvir que sou gordo.
Sempre ouvi.
Já nunca ouvi ninguém repreender outrém pela falta de educação.
Deve ser por isso que estou condenado e ela terá virtude como futuro.
Não vivi noutros tempos, nem noutras sociedades, mas aqui e agora, fere mais a aparência física que a detestabilidade intrínseca.
Óleo
- "Agora, na televisão, andam a dizer que o óleo faz mal".
- "Pois, parece que é".
- "Eu, quando faço o meu bifinho, nunca deixo de pôr óleo na frigideira. Diz que é melhor pôr azeite, mas eu odeio azeite, ca nojo".
- "Desculpe, pode dar-me um cigarro?".
Abaixo das Janelas Verdes (Green Windows, numa toada mais internacional).
Seguidamente, chegou quem esperava e fui realizar uma diligência judicial (nome pomposo para algo tão rotineiro).
Subi as escadas de um prédio decrépito e só encontrei uma afastada sósia de Anita Guerreiro.
Ali ficámos bem mais do que deviamos a ouvir a predilecção por Bocage e as dedicatórias que tinha feito ao recém-editado livro de um companheiro de tertúlia. Palavra que repetia: Vato.
Não sacando nada daquela freguesia, mas tendo "caçado" uma pista, fomos a uma loja do Chinês ali ao pé, loja que se situava no prédio onde estariam a viver os "objectos" da referida diligência.
De chinesa, a empregada tinha pouco. Perguntou se alguém ia preso. Comprei-lhe um espelho pequeno. Diziam-me que havia falta. Mentira.
Finalmente, fomos à Rua das Janelas Verdes. Tocámos à porta de um majestoso prédio e fomos atendidos por alguém que até conhecia quem procurávamos. Sucedia que já se havia mudado há meses.
Quando terminámos, batia o final de tarde e era dia 12 de Junho. O ar confundia-se com o cheiro de sardinha assada e até as estradas começavam a ficar intransitáveis. Já mal se continha a reprimida, ao longo do ano, vontade de celebrar o Santo António (na gíria, ir para os santos) e lá fomos embora.
Senti que não devia ter saído dali. Devia ter ficado e bebido uma imperial e comido uma bifana, apesar de serem só sete da tarde.
É que desde uma (quase) fatídica noite, não voltei a celebrar o Santo António. Naquele instante em que via esplanadas a serem decoradas com a bela toalha vermelha, cesto do pão e guardanapos de papel branquinho, percebi que a existência era outra.
Noutros tempos, teria ido a Lisboa de propósito para lá passar a noite, na melhor das companhias, ficando por lá, até que batesse o sol e o pequeno-almoço fosse tomado numa qualquer pastelaria da Av. do Brasil, com torradas queimadas.
Daquela vez, vim-me embora quando a festa começou.
- "Pois, parece que é".
- "Eu, quando faço o meu bifinho, nunca deixo de pôr óleo na frigideira. Diz que é melhor pôr azeite, mas eu odeio azeite, ca nojo".
- "Desculpe, pode dar-me um cigarro?".
Abaixo das Janelas Verdes (Green Windows, numa toada mais internacional).
Seguidamente, chegou quem esperava e fui realizar uma diligência judicial (nome pomposo para algo tão rotineiro).
Subi as escadas de um prédio decrépito e só encontrei uma afastada sósia de Anita Guerreiro.
Ali ficámos bem mais do que deviamos a ouvir a predilecção por Bocage e as dedicatórias que tinha feito ao recém-editado livro de um companheiro de tertúlia. Palavra que repetia: Vato.
Não sacando nada daquela freguesia, mas tendo "caçado" uma pista, fomos a uma loja do Chinês ali ao pé, loja que se situava no prédio onde estariam a viver os "objectos" da referida diligência.
De chinesa, a empregada tinha pouco. Perguntou se alguém ia preso. Comprei-lhe um espelho pequeno. Diziam-me que havia falta. Mentira.
Finalmente, fomos à Rua das Janelas Verdes. Tocámos à porta de um majestoso prédio e fomos atendidos por alguém que até conhecia quem procurávamos. Sucedia que já se havia mudado há meses.
Quando terminámos, batia o final de tarde e era dia 12 de Junho. O ar confundia-se com o cheiro de sardinha assada e até as estradas começavam a ficar intransitáveis. Já mal se continha a reprimida, ao longo do ano, vontade de celebrar o Santo António (na gíria, ir para os santos) e lá fomos embora.
Senti que não devia ter saído dali. Devia ter ficado e bebido uma imperial e comido uma bifana, apesar de serem só sete da tarde.
É que desde uma (quase) fatídica noite, não voltei a celebrar o Santo António. Naquele instante em que via esplanadas a serem decoradas com a bela toalha vermelha, cesto do pão e guardanapos de papel branquinho, percebi que a existência era outra.
Noutros tempos, teria ido a Lisboa de propósito para lá passar a noite, na melhor das companhias, ficando por lá, até que batesse o sol e o pequeno-almoço fosse tomado numa qualquer pastelaria da Av. do Brasil, com torradas queimadas.
Daquela vez, vim-me embora quando a festa começou.
sexta-feira, fevereiro 13, 2015
Licitudes e amoralidades
Será que é lícito dizer a alguém desrazoável que é, efectivamente, desrazoável?
É razoável presumir que não.
E ninguém mais do que eu dá valor às presunções. Muito raramente são ilididas.
(Um desabafo mais infantil): naturalmente por me faltar um bocado do cérebro, passo a vida a ouvir críticas. Seja no plano laboral (onde é tão bom malhar neste Jô Soares) seja no plano pessoal. E, como bom cristão, dou a outra face.
Já quando o exercício é levado a cabo por mim, tenho guerra.
Estou um bocado farto do mundo que rodeia.
O ideal era desaparecer durante anos.
Sim, anos.
Para longe.
Fazer o que faço, mas na Arrifana, Matosinhos ou Zambujeira.
Longe. Incontactável.
Sem ninguém.
Só eu.
Sonhos.
É razoável presumir que não.
E ninguém mais do que eu dá valor às presunções. Muito raramente são ilididas.
(Um desabafo mais infantil): naturalmente por me faltar um bocado do cérebro, passo a vida a ouvir críticas. Seja no plano laboral (onde é tão bom malhar neste Jô Soares) seja no plano pessoal. E, como bom cristão, dou a outra face.
Já quando o exercício é levado a cabo por mim, tenho guerra.
Estou um bocado farto do mundo que rodeia.
O ideal era desaparecer durante anos.
Sim, anos.
Para longe.
Fazer o que faço, mas na Arrifana, Matosinhos ou Zambujeira.
Longe. Incontactável.
Sem ninguém.
Só eu.
Sonhos.
quarta-feira, fevereiro 11, 2015
Pequeno momento privativo de Kumbaya ou um texto próprio de velho de Jardim, jogando sueca e tentando lembrar se tomou os comprimidos.
Diz que é de 1968.
Aqui há dias, numa conversa familiar, minha mãe, Professora de profissão, contava-me que falou da Teoria da Evolução na aula. A resposta terá sido algo como: "A Stora acha que viemos dos macacos"?.
A conversa aprofundou. Em suma, aquelas almas não sabiam quem era Herman José. Com muita dificuldade sabiam quem era Ricardo Araújo Pereira.
Não me tenho como culto, penso até que estou ao nível de um simio que aprendeu a colocar os cubos nas ranhuras, tipo Gervásio, mas fiquei melindrado.
Anos de promoção da escola pública, dinheiro gasto, esperanças investidas.
E foi isto.
"Nos tempos que correm, não sei distinguir o bem do mal, o mal do bem".
A propósito de cinema ou (um post que podia ter sido escrito por Carlos Costa. Não o Governador do BdP. O outro. Dos Ídolos)
Há semanas, vi um filme que, não sendo original, muito menos unânime, é, na minha mui modesta opinião, um dos grandes filmes do ano, senão mesmo o melhor.
Para isto ter piada, não vou falar em nomes.
Vale a pena uma sinopse, contudo. O filme, estreado recentemente (é a melhor pista de que me lembro), conta a história de um jovem músico que entra num prestigiado conservatório de música e é "marcado" por uma lenda viva que o recruta para a sua banda.
O que se passa depois é digno de muitas interpretações. A mais fácil (e talvez mais verdadeira) é esta: aquele jovem foi recrutado por nele ter sido visto algum talento, mas o elemento que o recrutou pede meças a Satã e vai fazer-lhe a vida negra sob o pretexto de dele extrair o melhor.
O filme é grande porque não é clara (ainda que o personagem o diga expressamente) a intenção do "mestre". Não é líquido que aquele ser queira extrair o melhor do seu pupilo. Sabemos que existe maldade. Desrespeito. Diminuição. Espezinhamento (isto existe?). Mas a que título? Com que razão.
Mas há um outro aspecto que faz com esta fita me marque para sempre. Sem a parte do talento e da área, aquela também é a minha vida. Mais: tem sido a nossa vida. (Atenção, que a parte do "sem talento" é para mim).
A coberto de algum valor, de algum objetivo, que nem se sabe se existe, somos, ouvimos e lemos o que não queremos. E quem nos dera poder ignorar.
Vale e valerá sempre o menos, o fracasso, a omissão. Foi assim que vi a vida até este ponto.
Pedir desculpa não tem dificuldade nenhuma.
Elogiar genuinamente é um unicórnio. Tanto, que às vezes pensamos que não valemos nada.
E o problema, a meu ver, nem é tanto se não valermos. O conceito de média existe por alguma razão.
É mesmo não saber.
Enfim, no filme, a chave disto tudo estava no jovem. E porquê? Porque grande é quem sabe. Grande é quem não precisa que lhe meçam a altura.
Tomara eu.
Para isto ter piada, não vou falar em nomes.
Vale a pena uma sinopse, contudo. O filme, estreado recentemente (é a melhor pista de que me lembro), conta a história de um jovem músico que entra num prestigiado conservatório de música e é "marcado" por uma lenda viva que o recruta para a sua banda.
O que se passa depois é digno de muitas interpretações. A mais fácil (e talvez mais verdadeira) é esta: aquele jovem foi recrutado por nele ter sido visto algum talento, mas o elemento que o recrutou pede meças a Satã e vai fazer-lhe a vida negra sob o pretexto de dele extrair o melhor.
O filme é grande porque não é clara (ainda que o personagem o diga expressamente) a intenção do "mestre". Não é líquido que aquele ser queira extrair o melhor do seu pupilo. Sabemos que existe maldade. Desrespeito. Diminuição. Espezinhamento (isto existe?). Mas a que título? Com que razão.
Mas há um outro aspecto que faz com esta fita me marque para sempre. Sem a parte do talento e da área, aquela também é a minha vida. Mais: tem sido a nossa vida. (Atenção, que a parte do "sem talento" é para mim).
A coberto de algum valor, de algum objetivo, que nem se sabe se existe, somos, ouvimos e lemos o que não queremos. E quem nos dera poder ignorar.
Vale e valerá sempre o menos, o fracasso, a omissão. Foi assim que vi a vida até este ponto.
Pedir desculpa não tem dificuldade nenhuma.
Elogiar genuinamente é um unicórnio. Tanto, que às vezes pensamos que não valemos nada.
E o problema, a meu ver, nem é tanto se não valermos. O conceito de média existe por alguma razão.
É mesmo não saber.
Enfim, no filme, a chave disto tudo estava no jovem. E porquê? Porque grande é quem sabe. Grande é quem não precisa que lhe meçam a altura.
Tomara eu.
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