Há semanas, vi um filme que, não sendo original, muito menos unânime, é, na minha mui modesta opinião, um dos grandes filmes do ano, senão mesmo o melhor.
Para isto ter piada, não vou falar em nomes.
Vale a pena uma sinopse, contudo. O filme, estreado recentemente (é a melhor pista de que me lembro), conta a história de um jovem músico que entra num prestigiado conservatório de música e é "marcado" por uma lenda viva que o recruta para a sua banda.
O que se passa depois é digno de muitas interpretações. A mais fácil (e talvez mais verdadeira) é esta: aquele jovem foi recrutado por nele ter sido visto algum talento, mas o elemento que o recrutou pede meças a Satã e vai fazer-lhe a vida negra sob o pretexto de dele extrair o melhor.
O filme é grande porque não é clara (ainda que o personagem o diga expressamente) a intenção do "mestre". Não é líquido que aquele ser queira extrair o melhor do seu pupilo. Sabemos que existe maldade. Desrespeito. Diminuição. Espezinhamento (isto existe?). Mas a que título? Com que razão.
Mas há um outro aspecto que faz com esta fita me marque para sempre. Sem a parte do talento e da área, aquela também é a minha vida. Mais: tem sido a nossa vida. (Atenção, que a parte do "sem talento" é para mim).
A coberto de algum valor, de algum objetivo, que nem se sabe se existe, somos, ouvimos e lemos o que não queremos. E quem nos dera poder ignorar.
Vale e valerá sempre o menos, o fracasso, a omissão. Foi assim que vi a vida até este ponto.
Pedir desculpa não tem dificuldade nenhuma.
Elogiar genuinamente é um unicórnio. Tanto, que às vezes pensamos que não valemos nada.
E o problema, a meu ver, nem é tanto se não valermos. O conceito de média existe por alguma razão.
É mesmo não saber.
Enfim, no filme, a chave disto tudo estava no jovem. E porquê? Porque grande é quem sabe. Grande é quem não precisa que lhe meçam a altura.
Tomara eu.