A filha do meu chefe está hoje a passar o dia no escritório onde eu e o respectivo pai exercem a sua profissão.
Já trabalho no referido espaço há mais de 5 anos. Conheço-a quase desde o início da minha estadia.
Cumpre dizer que está na mesma.
Agora, os pormenores. Dizer a alguém que está na mesma só é elogio para velhos. "Estar na mesma" em qualquer idade que não seja a terceira é profundamente merdoso. "Sempre foste um infantil e para sempre serás".
Ora, o espécime está na mesma desde que a conheço. É capaz de se pôr a cantar a altos berros (o que só ajuda numa actividade que precisa de silêncio) de repente, é capaz de não falar às pessoas e olhar de lado a mostrar quem manda (não sucedeu hoje) como é capaz de sabotar o trabalho administrativo.
Eu lembro-me quando tinha a idade dela. Não era assim.
Nunca fui assim.
Ao fim e ao cabo, o que esteve errado comigo só me prejudicava a mim. Era e sou gordo. Curioso, no meio disto tudo, ninguém diz àquela vitela que é mal educada. Já eu estou sempre a ouvir que sou gordo.
Sempre ouvi.
Já nunca ouvi ninguém repreender outrém pela falta de educação.
Deve ser por isso que estou condenado e ela terá virtude como futuro.
Não vivi noutros tempos, nem noutras sociedades, mas aqui e agora, fere mais a aparência física que a detestabilidade intrínseca.