sábado, junho 23, 2007

Eu vou à Lá Feria

Este texto revela um misto entre expectativa e crítica fácil.
O clip que disponibilizo, via Youtube, é de uma ópera rock idealizada por Tim Rice e Andrew Lloyd Webber: Jesus Christ Superstar.
O vosso amigo, este que vos escrever, não tem particular gosto por este tipo de coisas, odeia-as mesmo. Mas, para qualquer regra que o pretenda ser, há excepção. Esta é uma obra prima. Nunca a vi na Broadway, mas ao filme tive acesso. Bem interpretado, bem contado, boas perfomances, histórico.
Tudo isto estava guardado na minha mente.
Até que sei que o Filipe La Féria iria encenar um espetáculo com o mesmo nome. Digo encenar um espetáculo com o mesmo nome pelo simples facto de conhecer o trabalho do encenador e saber do que ele é capaz.
Cada vez que tento falar dele com alguém parece que sou excomungado: trata-se de uma espécie de António Lopes Ribeiro, vivo, mas sem o fascismo. Acho que perdi qualquer chance de ganhar uma discussão acerca do senhor aquando da produção Amália. A cena em que Vitor Pavão dos Santos lhe pede um autógrafo e quase todo o público vai às lágrimas e bate as palmas devidas, foi o momento da minha morte intelectual.
Desde o Maldita Cocaína, Rainha do Ferro Velho, Passa por Mim no Rossio e a dita Amália, com a Música no Coração, que tenho alguma dificuldade em aceitar o fenómeno La Féria. Para além de um chorrilho de banalidades musicais, isto na linguagem de uns amigos meus, e de um leque repetido de actores, alias, grandes artistas portugueses, não se verifica nenhuma inovação no ramo. Repetições, reedições, palpitações e tantos outros "ões" para os quais não há pachorra.
E eis que aparece aquilo que eu considerava como núcleo irredutível dos limites do bom senso, decência e cuidado.
Há alguma fúria em mim. Alias, este post é quase uma reedição do que terei escrito há uns anos atrás.
Mas não posso deixar passar o acontecimento sem o comentário devido.
Este texto não vê aqui o seu terminus.
Para criticar, a sério, há que assistir.
É o que vou fazer: esperar que a peça desça até Lisboa, vê-la, percebê-la e, aí sim, comentá-la.
Se for caso disso, retrato-me. Cheira-me que não vai acontecer.
Fiquem com o video, porque esse é certo que é bom.