terça-feira, setembro 22, 2015

Banda Sonora para as Eleições

Hoje, mais um fado. Este remota à I República (assim me disseram), contudo, vou aproveitá-lo para enquadrar duas temáticas ou, por outra, dois traços que marcam uma campanha eleitoral em Portugal: as arruadas e as famílias que deixam de se falar porque "a prima Laura é uma comuna de merda" e o "Zé é um facho do caralho".

Desata tudo ao biscoito.




Coisas que parecem promissoras quando escutado o seu nome, mas que, na verdade, não são - Continuação I

Dobrada

Pork. Pig

Ontem escrevia-se que, a certa altura, Cameron, British P.M, enfiou o seu pénis na boca de um porco morto. Chama-se ao caso Pig Gate.

Hoje, li que o Pedro Boucherie Mendes não acha assim tão importante ter opinião sobre tudo e que, por vezes, até finge ter opinião sobre determinado tópico, finalizando com o exemplo do caso dos Mirós.

Há bocado, li um bocado do Beccaria, na parte em que dizia que o juiz deve construir um silogismo perfeito para decidir e apresentar a sua decisão.

Agora, temo bem que o mundo esteja sobrecarregado de coisas que não interessam ao menino Jesus.

Coisas que parecem promissoras quando escutado o seu nome, mas que, na verdade, não são - Introdução

Cassata

sexta-feira, setembro 18, 2015

Respeito

Tinha mais ou menos um metro e sessenta. Aparência cuidada, e bons modos, não deve muito à beleza.

Vinha contar-me o que ali a trazia. Violência doméstica. Um agarrar de pescoço. Uma discussão. Anos de bailado e natação, como na música. Um namoro de quase 20 anos, com filhos, com momentos.

Descobri traições constantes e serôdias.

Descobri desprezo pela família.

Ainda não percebi porquê.

Porquê só hoje.

Não me venham com histórias: é maior a capacidade de sofrer do que a capacidade de amar.

quinta-feira, setembro 17, 2015

Ensaio (pois, sim. Mini-escrito e já gozas) sobre uma hipotética banda sonora para as eleições

Pode ser só de mim, mas acho que todos os momentos da vida individual e colectiva devem ser acompanhados de música. O amor, o fel, o desprezo, o sucesso. Há som adequado a tudo.

Hoje, vamos perceber (vamos, isto é, eu) que existe "sonido" para as próximas eleições.

Para a indiferença. Para os candidatos, políticas e propostas. Para a realidade. Para a miséria.

Vou tentar colocar uma por semana.

Hoje, o povo que talha com o seu machado as tábuas do meu caixão.




terça-feira, setembro 15, 2015

O Mundo

Vi, há momentos, uma publicidade a uma série em que o protagonista é um fulano super inteligente, capaz e munido de recursos infindáveis.

Este modelo de personagem não é novo. Basta pensar: Dr. House, Shark, Forever e por aí fora.

Quando não estamos a fazer vénias ao génio, há a outra face das séries: os homicídios. Nem faço ideia à quantidade de gente morta nas 20 temporadas de Lei e Ordem ou nas 15 de CSI. Em contas breves, numa estimativa rápida, se cada série tem 22 episódios e em cada episódio morre uma pessoa, em Lei e Ordem já morreram 440 pessoas e no CSI morreram 330, ou seja, somado dá 770.

Isto é o grosso das séries.

Fora o génio e homicídio, há, também, mas não só, o híbrido e o original. Como híbrido temos o exemplo do policial. Aí, há um génio que investiga o homicídio. Mantenho a autonomia dogmática do híbrido porquanto, ainda que em séries como o Lei e Ordem não haja génios, há policias esforçados, no True Detective há génios puros...a investigar homicídios... O híbrido também comporta séries de médicos, ou advogados: E.R, Good wife ou Grey. Mistura-se drama com algo especializado. Também sucede com a comédia, quando se junta a dita ao direito e temos o Boston Legal, só a título de exemplo.

Resta o original ou "despadronizado", mas não só, ou seja, qualquer coisa que não está massificada como os géneros supra descritos. As sit-com foram originais. Deixaram de ser e agora estão no mainstream, juntamente com todo o resto da comédia. Eis outro género. As séries de ficção científica também estão à parte e ainda servem um nicho.

Então o que é original? Guerra dos tronos? Parece-me que se encaixa nas séries de época/históricas, à semelhança das adaptações de grandes livros ou livros bem vendidos, como os Pilares da Terra.

No catálogo de "original", há quatro exemplos, na minha modesta opinião: O Shameless (Inglês ou Americano), o Nip/Tuck, Wayward Pines ou American Horror Story. Há mais coisas, mas estes são de salientar.

E porquê esta dissertação?

Para expressar, fundamentalmente, um lamento. Não há ninguém que pegue na personagem de um gajo que "não dava para a escola", vai de trabalho em trabalho, porque trabalhar também não é a cena dele, e passa os tempos que tem livres numa taberna/tasca/casa de pasto. Não há ninguém que retrate uma vida média, não especialmente brilhante.

Eu teria um guião para esta série. O título era básico, como o personagem: seria o seu nome, ou apelido. "Esteves".

"Esteves" seria a história de um fulano à porta dos 40 anos que já tinha sido repositor de stock, assistente de vendas, escriturário de 3.ª e, agora, estava tentar ganhar a vida como auxiliar de padeiro. O rendimento é de € 500,00, já depois dos descontos, e vive em Vila Franca de Xira num t1 mobilado pelo senhorio. De família, só sobra a Esteves a mãe, já velhota, e um tio que veio maluco do Ultramar. Tem uma namorada, Sheila, com está um tudo-nada acima do peso, mas com quem não vive. Sheila tem o seu negócio de mercearia e consegue viver melhor que o Esteves. Como auxiliar de padeiro, o Esteves passa as manhãs a dormir, a tarde, ora com Sagres ou com Super Bock e, à noite, trabalha. Está com a Sheila quando não há dinheiro para as minis.

As férias de Esteves são passadas na Costa, para onde se desloca num Citroen Saxo Cup. Politicamente, Esteves chegou a militar no P.C, mas agora nem vota. Quanto a vícios, poucos. 4 a 6 cigarros Águia por dia; as minis, claro, e reality-shows, onde já se tentou inscrever.

E pronto, a série seria observar este dia-a-dia, com Esteves a fazer conversa no café/taberna/casa de pasto, a discutir com Sheila, ou a fazer o doce amor com ela e a aprender a arte de bem fazer pão. Tudo isto no cenário de Vila Franca.

Eu seria fã.

terça-feira, setembro 08, 2015

Trazido para o jazigo. Fui à praia e trouxe um búzio, cheguei a casa e na estante puzio

Fui feliz nas férias.

Um texto que estampasse a felicidade bastava-se com a afirmação supra escrita. Claro, o pretério perfeito indica que o estado de felicidade se extinguiu, mas que, de todo o modo, existiu. Não sendo a felicidade, por impossibilidade objectiva, eterna, chegava.

Durante o sossego, pensei que tudo ia mudar. Se não tudo, algo. Que não ia sentir qualquer espécie de contrariedade ao ir para o trabalho. Que ia gostar do que faço, independentemente de fazer o que gostasse.

Não.

Este blogue transformou-se num mausoléu de desabafos sobre a minha vida profissional. A certa altura, e lendo o que por aqui escrevo, dá a sensação que nada mais se passa.

E tanto se passa além disto.

Há a vida familiar e "amigalhar". Há Portugal.

Mas nada aqui é lembrado. Percebo. Há que ventilar.

Uma vez que a família, salvo uma triste excepção, está bem, deixo uma nota sobre Portugal.

Vai haver eleições.

Vou votar.

Contrariado e em uso do "voto útil".

Não encontro nenhum partido que me represente. Desta vez, vou votar contra alguém, em vez de apoiar um projecto, como fiz em todas as eleições legislativas em que exerci o meu dever cívico.

A conclusão que tiro é a seguinte: na noite de 4 de Outubro, perco sempre.