Ou erosão.
O título podia ser uma outra palavra.
Vamos, então, para a decadência.
A convivência entre os semelhantes é feita de diversos componentes. Em primeiro lugar, a meu ver, a mera coexistência e partilha do mesmo espaço depende da tolêrancia que temos para com as diferenças do próximo.
Da mesma forma, nasce amizade quando muito mais é aquilo que une do que aquilo que nos separa, uma vez mais, do próximo.
As amizades, aquelas dignas desse nome, resistem bem ao tempo e, independentemente do tempo que passe entre a última vez que se viu um amigo e aquela vez em que se dá o reencontro, tudo está na mesma, com a mesma confiança e conforto que houve desde sempre.
Então, poder-se-á dar o caso de haver uma decadência de tão forte companheirismo?
Claro.
Lamentavelmente, constato que o tempo e respectivo decurso, devidamente acompanhado de episódios menos felizes, produz um fenómeno de afastamento progressivo e decadência naquilo que era algo bastante decente.
Isto é um dado meramente empírico ao qual os líricos responderão qualquer coisa como: "Pá, se forem mesmo grandes amigos, o tempo não significa nada".
Mas significa.
Thats a bitch.
segunda-feira, março 25, 2013
terça-feira, março 12, 2013
O sustentável peso da inexistência
Por várias vezes a ficção literária, televisiva e cinematográfica (que são as que conheço) tentou criar o cenário perfeito da antítese.
Isto é, tentou pôr o mundo do avesso, apresentar o caos, a discórdia, a incerteza, insegurança, a vida depois da morte e a morte como início da vida.
A vida real, como sempre, como dantes, já cantava o Camané, mete a ficção no chinelo.
O mundo, a certas horas do dia, em certos dias do mês, em certas épocas do ano, vira.
Vira sem aviso, vira de repente.
E depois volta ao normal, àquilo que antes era. Uma vezes tão depressa como virou e outras vezes com variações ritmadas a interromper o processo de retoma, de regresso.
A teoria geral disto que digo está na própria concepção de natureza, de biologia.
Está "escarrapachada" nas burlas aos velhotes, quando eles, enciclopédias vivas, já deviam saber mais a dormir que um batalhão de burlões acordado.
Está patente no declínio de civilizações milenares, fortes, cultas e preparadas: gregos, romanos, incas, por exemplo.
Está na morte de um filho, quando os pais estão no seu velório.
Em todos estes casos, o mundo virou.
Como virou o meu, ainda que por minutos, ainda hoje.
Isto é, tentou pôr o mundo do avesso, apresentar o caos, a discórdia, a incerteza, insegurança, a vida depois da morte e a morte como início da vida.
A vida real, como sempre, como dantes, já cantava o Camané, mete a ficção no chinelo.
O mundo, a certas horas do dia, em certos dias do mês, em certas épocas do ano, vira.
Vira sem aviso, vira de repente.
E depois volta ao normal, àquilo que antes era. Uma vezes tão depressa como virou e outras vezes com variações ritmadas a interromper o processo de retoma, de regresso.
A teoria geral disto que digo está na própria concepção de natureza, de biologia.
Está "escarrapachada" nas burlas aos velhotes, quando eles, enciclopédias vivas, já deviam saber mais a dormir que um batalhão de burlões acordado.
Está patente no declínio de civilizações milenares, fortes, cultas e preparadas: gregos, romanos, incas, por exemplo.
Está na morte de um filho, quando os pais estão no seu velório.
Em todos estes casos, o mundo virou.
Como virou o meu, ainda que por minutos, ainda hoje.
sexta-feira, março 08, 2013
Confluência
O canal Q está na Zon.
Eu sou subscritor da Zon.
Posso ver o Canal Q.
Foi o que fiz.
Ontem, volta da meia noite, meia-noite menos dez, no eterno zapping que efectivamente exerço, parei no supra citado Canal Q.
No ar, o programa "Baseado num história verídica". O Convidado era o Herman José.
Herman José é inevitavelmente inteligente. Chegou onde quis, fez o que lhe apeteceu e, como toda a gente, teve um azar, o de ser "metido" no saco Casa Pia, sem que nada o relacionasse com o processo.
Adiante.
Às tantas, o tema vira-se para a alta sociedade. O entrevistador pergunta-lhe qual o fascínio por ela.
Sai qualquer coisa como isto: "Tu já viste a vida dos pobres? O pobre tem de escolher se vai para a cama, ou se fica a ver televisão; se vai comer ou vai cagar; se vai passear ou fica em casa. Imagina a casa do Ricardo Salgado, aquilo deve ser um glamour. Ele com os filhos, milhões de assuntos. Agora, põe, nisso, um escândalo, uns cornos, a chiquérrima a apaixonar-se pelo Jardineiro. É totalmente diferente" (As palavras podem não ter sido exactamente estas).
Naquela altura, estava a ver televisão, não tinha fome e estava escuro para passear.
Eu sou subscritor da Zon.
Posso ver o Canal Q.
Foi o que fiz.
Ontem, volta da meia noite, meia-noite menos dez, no eterno zapping que efectivamente exerço, parei no supra citado Canal Q.
No ar, o programa "Baseado num história verídica". O Convidado era o Herman José.
Herman José é inevitavelmente inteligente. Chegou onde quis, fez o que lhe apeteceu e, como toda a gente, teve um azar, o de ser "metido" no saco Casa Pia, sem que nada o relacionasse com o processo.
Adiante.
Às tantas, o tema vira-se para a alta sociedade. O entrevistador pergunta-lhe qual o fascínio por ela.
Sai qualquer coisa como isto: "Tu já viste a vida dos pobres? O pobre tem de escolher se vai para a cama, ou se fica a ver televisão; se vai comer ou vai cagar; se vai passear ou fica em casa. Imagina a casa do Ricardo Salgado, aquilo deve ser um glamour. Ele com os filhos, milhões de assuntos. Agora, põe, nisso, um escândalo, uns cornos, a chiquérrima a apaixonar-se pelo Jardineiro. É totalmente diferente" (As palavras podem não ter sido exactamente estas).
Naquela altura, estava a ver televisão, não tinha fome e estava escuro para passear.
segunda-feira, março 04, 2013
Momento meramente académico
Estava a pensar (seriamente, diga-se) encetar uma obra: A Teoria Geral do Limite.
Seria, como o próprio nome indica, um livro com múltiplos tomos e volumes. Teria de abranger várias áreas e inter-ligar ciências e crenças.
O objectivo final seria perceber quando se traça o limite.
Hoje, desisti dessa ideia.
Traçar o limite é a coisa mais fácil deste mundo e do outro.
Problema, aqui, são as consequências. Se cada um está preparado, ou não, para lidar com o que vem a seguir da violação do limite.
E como lida?
E o que vem a seguir?
São incógnitas a mais.
Resta, como sempre, a vontade. Essa é certa como a morte: violado o limite, o fim mais simpático para quem o violou seria a incineração.
Mas a vontade não passa dela própria.
Sob pena de cadeia.
Sob pena de fome.
A terminar, lembrei-me de uma "passagem" interessante de um belo filme que vi, há dias: "Caro Freddie, quando souberes como hás de viver sem depender de um senhor, avisa-nos" (Era qualquer coisa parecida com isto).
Seria, como o próprio nome indica, um livro com múltiplos tomos e volumes. Teria de abranger várias áreas e inter-ligar ciências e crenças.
O objectivo final seria perceber quando se traça o limite.
Hoje, desisti dessa ideia.
Traçar o limite é a coisa mais fácil deste mundo e do outro.
Problema, aqui, são as consequências. Se cada um está preparado, ou não, para lidar com o que vem a seguir da violação do limite.
E como lida?
E o que vem a seguir?
São incógnitas a mais.
Resta, como sempre, a vontade. Essa é certa como a morte: violado o limite, o fim mais simpático para quem o violou seria a incineração.
Mas a vontade não passa dela própria.
Sob pena de cadeia.
Sob pena de fome.
A terminar, lembrei-me de uma "passagem" interessante de um belo filme que vi, há dias: "Caro Freddie, quando souberes como hás de viver sem depender de um senhor, avisa-nos" (Era qualquer coisa parecida com isto).
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