Isto foi o que Cavaco respondeu quando lhe perguntaram quantos Cantos têm "Os Lusíadas".
Acho que nunca escrevi um post sobre o Dia do Pai. Até tenho ideia da razão.
Vamos lá a uma pequena dissertação.
O meu Pai é oriundo de um terra sita em Trás-os-Montes. Já o Pai dele, meu avô, era transmontano. Os irmãos, amigos e vizinhos comungavam da cena. Há um traço muito particular no que toca aos transmontanos: combinam na perfeição o binómio frieza/masculinidade.
Naquelas paragens, não há necessidade de chamar "roto", "rabeta", "rabo" ou qualquer coisa parecida. Ali, vive-se de atitude, de actos e factos. Simplesmente, "é-se home".
Isto porquê? Por uma razão simples: o Pai do meu Pai, meu avô, bem como os irmãos, amigos e vizinhos nunca fariam uma dissertação sobre o Dia do Pai. Para eles, não há dias desses. Há autênticas existências de dedicação. Na terra quente, a homenagem é diária, reflectindo-se no respeito que se merece, observando-se no trabalho que se presta, na compreensão eterna jogada no lar.
Ainda que blogs houvesse na sua infância e o mundo Dele fosse o meu, jamais veria o meu velho com um assomo de laudatória a escrever fosse o que fosse a respeito do Pai dele. Não era preciso. Nunca foi. É que sempre esteve na cara o que um simbolizava para o outro. O que era o meu avô na vida do meu Pai e o meu Pai na vida do meu avô.
Eis que chegamos a estas linhas. Eu não sou transmontano. A linguagem que o nordeste fala (e sente) eu nunca aprendi. Tivesse sido nascido e criado em Vale de Prados e o assunto, hoje, era a dimensão axiológica do mito de Anteu.
Ao invés disso, faço uma pequena catarse e penitencio-me: o meu grande mal é nunca dar a entender às pessoas o que elas significam. Na grande maioria dos casos, não significam nada. (Vá lá saber-se porquê). Todavia, outros casos há em que ficou tudo por demonstrar. Mais do que dizer, lamento profundamente não expressar a gratidão por uma vida maravilhosa (não só dada por ele, mas também por todo o meu núcleo familiar). Mais do que convencer, será uma eterna mágoa nunca imputar naquele Homem, com o seu consentimento, a responsabilidade por tantos e tão bons valores e exemplos que me transmitiu.
Mas eu ainda sou novo. Bem vistas as coisas, ele também.
segunda-feira, março 19, 2012
quinta-feira, março 15, 2012
Banalidades e Lugares Comuns
Era a vida toda a correr à frente dos olhos.
Desde o momento do nascimento, até à morte.
Normalmente, quando se ouvem estes mitos, o filme que "rola" na retina é o dos êxitos, o das coisas que se fizeram.
Ali, não. Para além do que foi feito e alcançado, sobrava o que passou ao lado. O que deixou de se fazer, o que se ignorou e aquilo de que se fugiu.
De certa forma, a tónica era essa mesma. A despedidas faziam-se em lágrimas e as palavras dirigidas não eram de congratulação, muitos menos de enaltecimento. O que cantavam aquelas almas era o que estava por fazer, o que estava ao alcance e não podia, por força das circunstâncias, agora ser atingido.
No momento da última batida, onde deveria aparecer a palavra "Fim" a marcar, precisamente, o final do supra citado filme, há uma imagem e um som. Plácido Domingo. Anos mais novo mas com incrível potência vocal. Cantava uma aria qualquer. Em grande.
Partia, assim, para o outro mundo ou para a falta dele.
Desde o momento do nascimento, até à morte.
Normalmente, quando se ouvem estes mitos, o filme que "rola" na retina é o dos êxitos, o das coisas que se fizeram.
Ali, não. Para além do que foi feito e alcançado, sobrava o que passou ao lado. O que deixou de se fazer, o que se ignorou e aquilo de que se fugiu.
De certa forma, a tónica era essa mesma. A despedidas faziam-se em lágrimas e as palavras dirigidas não eram de congratulação, muitos menos de enaltecimento. O que cantavam aquelas almas era o que estava por fazer, o que estava ao alcance e não podia, por força das circunstâncias, agora ser atingido.
No momento da última batida, onde deveria aparecer a palavra "Fim" a marcar, precisamente, o final do supra citado filme, há uma imagem e um som. Plácido Domingo. Anos mais novo mas com incrível potência vocal. Cantava uma aria qualquer. Em grande.
Partia, assim, para o outro mundo ou para a falta dele.
terça-feira, março 13, 2012
Do "achismo" certo.
Aconteceu a este blogger a única coisa que nunca quis. Ok, uma entre muitas.
Ao almoço:
"- Parabéns, pá. Foi declarada a execução específica do !"#$%."
"- Parabéns porquê? Nem fiz o julgamento..."
"-Não houve julgamento..."
I - Preliminares:
Não sou interveniente nesta conversa. Estava ao lado.
II - Da causa:
No processo supra referido, o fulano que "nem fez o julgamento" foi mandatário do !"#$%. Alguém fez a Petição Inicial, não ele. Ele entregou-a via citius. (Nota: petição inicial é o articulado entregue pelo autor da acção judicial onde vem pedir que se faça justiça, i.e, uma folha A4 com artigos em que são descritos factos e feito um pedido, v.g, "o A. deu-me uma chapada, quero ser indemnizado")
O réu não contestou. Quando isso acontece, o Autor da acção é notificado para alegar, nos termos do artigo 484.º, n.º 2 do Código de Processo Civil. Por alegar entenda-se fazer uma exposição de factos e de direito a justificar a nossa razão.
É aí que eu entro. Fui o autor dessas alegações.
III - Da coisa
Chefe congratula o outro que deu o nome para os autos e disse que era lá advogado para a coisa ficar bonita. As alegações foram aceites, bem como o pedido formulado e foi ganha a acção.
IV - Da condição
Nem o chefe se lembrava que tinha sido eu a fazer as alegações nem a outra besta foi capaz de dizer que se limitou a enviar aquilo que eu fiz.
V - Conclusões
1. O trabalho foi bem feito e isso devia deixar-me contente.
2. O trabalho foi bem feito, mas para quem isso interessa, não tive relação com nada aquilo.
3. Já me têm repreendido por uma ou outra falta de atenção. Se me esqueço de pôr um acento, tenho de me levantar do gabinete e ouvir. Se sou responsável por algo valioso, não sou.
4. O custo de oportunidade. Sempre ele.
Ao almoço:
"- Parabéns, pá. Foi declarada a execução específica do !"#$%."
"- Parabéns porquê? Nem fiz o julgamento..."
"-Não houve julgamento..."
I - Preliminares:
Não sou interveniente nesta conversa. Estava ao lado.
II - Da causa:
No processo supra referido, o fulano que "nem fez o julgamento" foi mandatário do !"#$%. Alguém fez a Petição Inicial, não ele. Ele entregou-a via citius. (Nota: petição inicial é o articulado entregue pelo autor da acção judicial onde vem pedir que se faça justiça, i.e, uma folha A4 com artigos em que são descritos factos e feito um pedido, v.g, "o A. deu-me uma chapada, quero ser indemnizado")
O réu não contestou. Quando isso acontece, o Autor da acção é notificado para alegar, nos termos do artigo 484.º, n.º 2 do Código de Processo Civil. Por alegar entenda-se fazer uma exposição de factos e de direito a justificar a nossa razão.
É aí que eu entro. Fui o autor dessas alegações.
III - Da coisa
Chefe congratula o outro que deu o nome para os autos e disse que era lá advogado para a coisa ficar bonita. As alegações foram aceites, bem como o pedido formulado e foi ganha a acção.
IV - Da condição
Nem o chefe se lembrava que tinha sido eu a fazer as alegações nem a outra besta foi capaz de dizer que se limitou a enviar aquilo que eu fiz.
V - Conclusões
1. O trabalho foi bem feito e isso devia deixar-me contente.
2. O trabalho foi bem feito, mas para quem isso interessa, não tive relação com nada aquilo.
3. Já me têm repreendido por uma ou outra falta de atenção. Se me esqueço de pôr um acento, tenho de me levantar do gabinete e ouvir. Se sou responsável por algo valioso, não sou.
4. O custo de oportunidade. Sempre ele.
segunda-feira, março 12, 2012
Constantes e variáveis
A sobrevivência (em qualquer forma), depende sempre da cedência.
Saber jogar com as cedências é fundamental. Não sei se sempre foi assim, mas sei que comigo não funciona de outra maneira.
É uma constante.
A sobrevivência de uma família faz-se com a cedência dos egos. Cada individuo sê-lo-á menos se quiser gozar daquela confortável união.
A sobrevivência no trabalho faz-se com a cedência de personalidade e auto-estima. Quanto mais merda fomos aguentando mais longe iremos. Claro que ser minimamente competente ajuda. Mas aí está um ponto de toque engraçado: só é mesmo preciso ser minimamente competente. Eu até tenho a medida: competência ao nível do cumprimento de ordens. E chega.
Depois, há os dias variáveis, onde se lida menos bem com a cedência.
Nesses dias, escrevem-se posts.
(E agora, uma constatação nada fática sobre a existência).
Entre o que existe e o que não existe estão as palavras.
Acabando de escrever estas linhas sobre cedências, a realidade far-se-á sentir. Que quer isto dizer em termos práticos, de modo a que um homem médio perceba?
"Olha, tudo bem com as cedências e tal. Vives iludido com aquilo que trouxeste da Faculdade. Já viste que não te serviu de nada. Insistes. Espera que saia a nota do teu exame. Nunca te vais cansar de tomar banhos de humildade."
Saber jogar com as cedências é fundamental. Não sei se sempre foi assim, mas sei que comigo não funciona de outra maneira.
É uma constante.
A sobrevivência de uma família faz-se com a cedência dos egos. Cada individuo sê-lo-á menos se quiser gozar daquela confortável união.
A sobrevivência no trabalho faz-se com a cedência de personalidade e auto-estima. Quanto mais merda fomos aguentando mais longe iremos. Claro que ser minimamente competente ajuda. Mas aí está um ponto de toque engraçado: só é mesmo preciso ser minimamente competente. Eu até tenho a medida: competência ao nível do cumprimento de ordens. E chega.
Depois, há os dias variáveis, onde se lida menos bem com a cedência.
Nesses dias, escrevem-se posts.
(E agora, uma constatação nada fática sobre a existência).
Entre o que existe e o que não existe estão as palavras.
Acabando de escrever estas linhas sobre cedências, a realidade far-se-á sentir. Que quer isto dizer em termos práticos, de modo a que um homem médio perceba?
"Olha, tudo bem com as cedências e tal. Vives iludido com aquilo que trouxeste da Faculdade. Já viste que não te serviu de nada. Insistes. Espera que saia a nota do teu exame. Nunca te vais cansar de tomar banhos de humildade."
segunda-feira, março 05, 2012
Da Quebra Justificada do Jejum de Posts
Reza o Código Penal Português que, caso se preencham certos requisitos, certo facto pode justificar a ilicitude, o que fará com que não haja crime.
Ora, o que quero dizer não tem nada a ver.
Sobretudo um espelho de estados de espírito, este blogue já dedicou inúmeras palavras àquela que justifica a cada dia que o blogger subscritor não seja uma "ilicitude andante" (era só para relacionar).
Faz hoje anos.
Queria só dizer que está cada vez melhor. Está tão melhor que a comparação vai deixar de ser com o vinho do Porto. Doravante, as pessoas dirão: "Jesus, aquele Davidovich é como a Diligentia, quanto mais velho, melhor!".
Parabéns, mulherão.
Ora, o que quero dizer não tem nada a ver.
Sobretudo um espelho de estados de espírito, este blogue já dedicou inúmeras palavras àquela que justifica a cada dia que o blogger subscritor não seja uma "ilicitude andante" (era só para relacionar).
Faz hoje anos.
Queria só dizer que está cada vez melhor. Está tão melhor que a comparação vai deixar de ser com o vinho do Porto. Doravante, as pessoas dirão: "Jesus, aquele Davidovich é como a Diligentia, quanto mais velho, melhor!".
Parabéns, mulherão.
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