Era a vida toda a correr à frente dos olhos.
Desde o momento do nascimento, até à morte.
Normalmente, quando se ouvem estes mitos, o filme que "rola" na retina é o dos êxitos, o das coisas que se fizeram.
Ali, não. Para além do que foi feito e alcançado, sobrava o que passou ao lado. O que deixou de se fazer, o que se ignorou e aquilo de que se fugiu.
De certa forma, a tónica era essa mesma. A despedidas faziam-se em lágrimas e as palavras dirigidas não eram de congratulação, muitos menos de enaltecimento. O que cantavam aquelas almas era o que estava por fazer, o que estava ao alcance e não podia, por força das circunstâncias, agora ser atingido.
No momento da última batida, onde deveria aparecer a palavra "Fim" a marcar, precisamente, o final do supra citado filme, há uma imagem e um som. Plácido Domingo. Anos mais novo mas com incrível potência vocal. Cantava uma aria qualquer. Em grande.
Partia, assim, para o outro mundo ou para a falta dele.