sexta-feira, julho 17, 2020

Monumento ao amigo desaparecido

Estava a ouvir a Common People no Spotify. Adoro.
Adiante.
O Spotify tem alguns aspectos que desprezo. Um deles é, estando reunidas algumas condições, escolhe músicas aleatórias, através do algoritmo das nossas preferências.
Quando a "escolha" começou a tocar, fui transportado para dois momentos, um deles com, pelo menos, uma década em cima.
O primeiro e mais velho teve lugar no Nova Tertúlia, ao içar uma caneca, numa noite de especial boa disposição.
O segundo foi passado na primeira casa que arrendei (arrendámos). Queríamos imitar o gesto do primeiro momento e procurávamos a banda sonora.
A tal que o Spotify "escolheu".
Brimful of asha.

O Sérgio Godinho lembra a frase batida. Eu tenho uma outra, igualmente batida, e inferior à dele: a vida acontece. E se, na maioria das vezes, isso é bom, aqui não foi. Como um soldado em campanha, perdeu-se um comparsa.

É errado só por vezes me lembrar dele. Talvez pelo lapso temporal o lamento seja mais efectivo.

Fiz o que deve fazer qualquer cidadão de bem: enviei-lhe mensagem a dizer que é ridícula a distância. Mandei-lhe um abraço.

Nada nunca será o que já foi. São os paliativos a que temos acesso.

quinta-feira, julho 16, 2020

É

Numa Quinta-Feira menos movimentada, tocam à porta. Estava marcada uma reunião para dali a quinze minutos. Antecipou-se.

Chegou.

Sentou-se.

E perguntou: Como é que eu lavo dinheiro?

terça-feira, julho 14, 2020

Maneiras, maneirismos e panegíricos

O calor. Sempre ele.

Ao contrário do que pensaram centenas de Russos (e se calhar bem, sei lá), não é o tempo frio o mais capaz de providenciar por bons raciocínios. O calor de ananases que o pós-pandemia está a trazer-nos tem-me feito pensar. Em coisas. Hoje, uma nova. Partilho. Como se houvesse interesse.

A vida ensina-nos, sobretudo através do erro, a tratar com terceiros. Como ser educado (ter maneiras). O conceito de "ser educado" é muito lato e até deve estar bem documentado. Ora, desse universo de latitude, ocorreu-me hoje como não ser "excessivo".

Ao ouvir a música Delilah, interpretada por Tom Jones, ocorreu-me que, ao conhecer-se um Dalila, a primeira coisa que devemos evitar é perguntar: "Dalila? Como a música do Tom Jones?"

Para os três leitores que aqui passam, isto pode ser evidente. Para mim não é. Ou não era.

A pergunta formulada é ridícula. É evidente que a senhora em causa (imaginei a Dalila Carmo, atriz, única Dalila que vi. A do Sansão só ouvi falar) deveria responder à letra. "Não, Dalila como a música Chupa Teresa do Quim Barreiros".

E com isto dei mais um exemplo: Não se pergunta a uma Teresa se é Teresa como a da música do Quim Barreiros.

Conclusão: canções com nome de gente existem "ao pontapé". Os visados conhecem-nas. Provavelmente estão fartos dela.

Não deixa de ser injusto para aqueles que, como eu, têm um nome pouco musical. Mas a educação é muito. É, mesmo, tudo.