sexta-feira, julho 17, 2020

Monumento ao amigo desaparecido

Estava a ouvir a Common People no Spotify. Adoro.
Adiante.
O Spotify tem alguns aspectos que desprezo. Um deles é, estando reunidas algumas condições, escolhe músicas aleatórias, através do algoritmo das nossas preferências.
Quando a "escolha" começou a tocar, fui transportado para dois momentos, um deles com, pelo menos, uma década em cima.
O primeiro e mais velho teve lugar no Nova Tertúlia, ao içar uma caneca, numa noite de especial boa disposição.
O segundo foi passado na primeira casa que arrendei (arrendámos). Queríamos imitar o gesto do primeiro momento e procurávamos a banda sonora.
A tal que o Spotify "escolheu".
Brimful of asha.

O Sérgio Godinho lembra a frase batida. Eu tenho uma outra, igualmente batida, e inferior à dele: a vida acontece. E se, na maioria das vezes, isso é bom, aqui não foi. Como um soldado em campanha, perdeu-se um comparsa.

É errado só por vezes me lembrar dele. Talvez pelo lapso temporal o lamento seja mais efectivo.

Fiz o que deve fazer qualquer cidadão de bem: enviei-lhe mensagem a dizer que é ridícula a distância. Mandei-lhe um abraço.

Nada nunca será o que já foi. São os paliativos a que temos acesso.