quarta-feira, janeiro 15, 2020

DC 2020

Lembrei-me.

Passaram vários anos sem que consultasse um dermatologista. Padeço de psoríase e vitíligo. Há uns anos, em Porto Covo, consegui "limpar" as manchas que o meu corpo alberga. Pensei que o sol trataria do assunto todos os anos. Nada mais errado. Foram aparecendo, colonizando.
Graças à insistência da minha esposa, lá fui ao médico.

Ao acordar, e antes da consulta, fui informado (primeiro por ela e depois pela visualização no telemóvel)  de que me acusam de ter uma casa de banho potente ao ponto de causar infiltrações não em um, mas dois andares abaixo do meu.
Dizia o e-mail da notificação, que tinham ido bater à minha porta às 23 horas para me dar conta da hipótese ser eu o causador do dilúvio. Nem ouvi.

A existência que me carrega (e eu sou carregado por ela, sem dúvida) nunca deixa de me brindar com manchas. Ora na pele, ora em paredes alheias.

Não sei como vou reagir às pomadas receitadas, nem sei se tenho seguro que possibilite que não me apresente à insolvência com as reparações que poderei ter que fazer. Viver um dia de cada vez é isto. É mau. É penoso. Porque, aparentemente, o conceito de descanso é meramente teórico. Uma ideia.

Não existe a paz.

E o ano começa assim. Responsabilizando-me pelo meu cuidado cutâneo. Sendo-me imputado o escorrimento de águas.

Não haja dúvidas de que terei saudades de 2019.