Quis a vida que a minha prática profissional se cruzasse com algo que podia ser uma história de Jornal da Noite da SIC: uma regulação de responsabilidades parentais de uma menor em que o Pai está em Paredes de Coura e a Mãe em Almada. Afinal, com quem viverá a menina?
Represento a Mãe.
Este processo "caiu-me", no âmbito do acesso ao direito (vulgo oficiosas), ao fim de duas escusas prévias, ambas por motivos próprios e em nada relacionados com a personalidade da Mãe.
Depois de duas sessões de julgamento, entendeu a Meritíssima ouvir a menor: uma criança de sete anos.
Passada uma hora de audição, numa sala em que está a menor, Juiz e Procurador, são convidados a entrar os mandatários e as partes, sendo protegida a menina, que é encaminhada para a assistente social.
"A menina tomou uma decisão" - Disse a Juíza - "Foi muito clara. Ela quer ficar com o Pai".
O que se segue são jogos de lágrimas, revoltas. É que, se tal não bastasse, foi dito: "Mas podemos experimentar: concedemos a guarda provisória ao Pai até julho e se correr bem, fica, se correr mal altera-se".
Mais se passou, mas este resumo, que usarei para memória futura, bem basta.
Convidado, compulsivamente, pela Meritíssima a acompanhar a Mãe, de forma a acalmá-la, e de lhe ter oferecido um café, voltámos ao contacto com a criança.
"Mãe, estiveste a chorar."