quinta-feira, março 22, 2018

Comédias dos anos 90

Aqui há dias, lembrei-me disto.

Na sinopse, lê-se do que se trata. Duas meninas "convocadas" para um encontro de antigos alunos. Como pensam que a vida delas não é assim tão interessante, vai de inventar meia dúzia de tretas porreiras (não sei se é neste filme em que uma delas diz que vive dos royalties dos post-it amarelos) e andou.

No Facebook, esse bastião da protecção de dados, surgiu um convite: um jantar de antigos colegas.

Foi instintivo contactar a promotora, minha amiga, e dizer-lhe que não ia, isto sem considerar a hipótese de aparecer. Fez alguma pressão para que fosse, disse que tinha pena e que seria "giro".

Lá veio o filme supra citado à cabeça.

Ao contrário das meninas personagens, a minha vida não é má. Mal ou bem, tenho chegado onde quero, com o capital a ser a única barreira real à proliferação de excentricidades. Não obstante, ao ver o "cardápio" de convidados, lembrei-me do que eram boas e más pessoas. Daquelas que apanhamos no caminho da existência e nos recordamos para exemplificar e comparar.

Como na película, e com o que ela ensina, não há nada de errado naquela dupla. O que lhes dá nervos são os colegas, capazes de provocar um turbilhão de vontades, tantas contraditórias.

Ao contrário do que faço em todos os momentos, deixo de ir ao jantar pela presença de algumas almas que por ali habitam. Defendo que se devem recordar tempos difíceis e passar, amiúde, por lembranças menos felizes. Contudo, não é o caso. Mercê do peso, faço uma metáfora culinária: eu odeio peixe cozido, mas o peixe cozido faz bem e lá terá de ir, uma vez ou outra. Aquelas pessoas não são peixe cozido. São dobrada. Não sabe bem. Não faz bem. Numa mesa onde todos comem dobrada, eu como um bife.

Portanto, para dobrada, não vou daqui ali.

segunda-feira, março 19, 2018

O Dia do Pai

Ao acordar, hoje, lembrei-me do meu filho, que me recebeu com um sorriso, como só ele, e do meu pai.
O dia do pai tem essa especialidade. Não olvidamos quem nos amparou e ainda reforçamos o reconhecimento que por eles temos quando somos nós os colocados na posição de progenitores.

O meu pai escreveria algo melhor que estas palavras ao nível da segunda classe. O meu filho, certamente, também.

Foi preciso ser pai para perceber o meu.

terça-feira, março 06, 2018

2012

2012 é o nome do tema abaixo. Uma música que ouvia enquanto sabia do desaparecimento de um ser que para sempre deixou saudades.

Deixando tal de lado, 2012 marca o início de um processo crime que patrocino. Para os meus Constituintes, a dor for outra.

Proprietários de uma empresa, cometeram o triste erro de não pagar aos seus trabalhadores. Nada que seja novo no panorama nacional.

Sucede que um dos ditos subordinados é sobrinho de uma importante jornalista. Daqueles que revela escândalos e denuncia poderosos.

Ao ver que o sobrinho não era ressarcido, montou uma reportagem onde transformou aqueles caloteiros em bodes expiatórios dos males do mundo. Factos falsos, factos retirados do contexto, valeu tudo.

Nos dias seguintes aos da reportagem, na rua, foram chamados de tudo. Ameaçaram queimar-lhes os carros, imputaram burlas.

Ela tentou matar-se e ainda hoje não dorme pelo sucedido. Ele não entra num café da zona sem que lhe chamem um nome daqueles feios.

Acusamos. Requeremos. Fizemos.

Hoje, realizou-se o debate instrutório.

A liberdade de expressão e informação vai ganhar.

Afinal de contas, o que interessa a vida das pessoas?