Aqui há dias, lembrei-me disto.
Na sinopse, lê-se do que se trata. Duas meninas "convocadas" para um encontro de antigos alunos. Como pensam que a vida delas não é assim tão interessante, vai de inventar meia dúzia de tretas porreiras (não sei se é neste filme em que uma delas diz que vive dos royalties dos post-it amarelos) e andou.
No Facebook, esse bastião da protecção de dados, surgiu um convite: um jantar de antigos colegas.
Foi instintivo contactar a promotora, minha amiga, e dizer-lhe que não ia, isto sem considerar a hipótese de aparecer. Fez alguma pressão para que fosse, disse que tinha pena e que seria "giro".
Lá veio o filme supra citado à cabeça.
Ao contrário das meninas personagens, a minha vida não é má. Mal ou bem, tenho chegado onde quero, com o capital a ser a única barreira real à proliferação de excentricidades. Não obstante, ao ver o "cardápio" de convidados, lembrei-me do que eram boas e más pessoas. Daquelas que apanhamos no caminho da existência e nos recordamos para exemplificar e comparar.
Como na película, e com o que ela ensina, não há nada de errado naquela dupla. O que lhes dá nervos são os colegas, capazes de provocar um turbilhão de vontades, tantas contraditórias.
Ao contrário do que faço em todos os momentos, deixo de ir ao jantar pela presença de algumas almas que por ali habitam. Defendo que se devem recordar tempos difíceis e passar, amiúde, por lembranças menos felizes. Contudo, não é o caso. Mercê do peso, faço uma metáfora culinária: eu odeio peixe cozido, mas o peixe cozido faz bem e lá terá de ir, uma vez ou outra. Aquelas pessoas não são peixe cozido. São dobrada. Não sabe bem. Não faz bem. Numa mesa onde todos comem dobrada, eu como um bife.
Portanto, para dobrada, não vou daqui ali.