A Faculdade de Direito, não obstante o número de alunos que admite ao seu curso, não tem propriamente a fama de facilitar o seu caminho dentro de portas.
Ingressei, assim, em 2004 num curso que me daria uma profissão, pensava eu, diferente da que tenho hoje. O primeiro ano foi particularmente doloroso, com a adaptação e conhecimento de realidades que nunca pensei existirem.
Conheci lá um dos meus bons amigos. Por méritos próprios, transitámos para o segundo ano e, mercê do que referi supra, a nossa sub-turma teve de ser fundida com outra. Com efeito, de cerca de trinta e muitas pessoas que compunham a sub-turma de primeiro ano, menos de 50% resistiram, cenário que se generalizava. Como tal, somaram-se os alunos que ainda "respiravam" e juntaram-nos.
Não me vou esquecer dos olhos desse meu amigo quando olhou para uma das aquisições supervenientes. Uma jovem Eborense de cabelos escuros e boas notas (a fama precedia-a).
Naqueles momentos, deve ter havido uma constituição de sociedade cósmica. O Karma, aliou-se à sorte e fundou-se a "Vai, que dá, Lda.". O objecto social seria a promoção de felicidade daqueles dois moços.
Ontem, fui ao Baptizado do filho deles.
Celebrando a receção do petiz (um braçado de criança), voltei a 2004. Voltei a paredes que, não raras vezes, me puseram à beira da loucura. Não obstante, foi um regresso quase físico. Podia ver, à minha frente, episódios que foram determinantes na pessoa que sou, naquilo em que me tornei. Mas também voltaram as imagens de uma solidariedade materializada.
Na madrugada de 25 de Maio de 2007, recebiam-me em casa e aturavam o meu, também, recém-constituído auge. Passaram o "Lost in Translation" e faziam voar as palavras. Ainda hoje gozam com a minha cara de felicidade.
Contudo, naquele apoio e verdadeira claque, que sempre foram, estavam duas almas que se confirmaram, mutuamente, até aos dias de hoje.
E, ontem, fui ao Baptizado do filho deles.