(Penso que já terei escrito um post com o mesmo início. A vida é isto mesmo: um Alzheimer consciente)
Em certo filme de Manoel de Oliveira (meu ídolo pessoal), uma das personagens pergunta a outra como se diz "saudades" na língua desse imortal estadista que é Hollande (ela só pergunta mesmo como se diz "saudades"). Andam por ali até que alguém diz que será, talvez, Souvenirs.
Para mim, um Souvenir é um porta-chaves de uma zona balnear. Quiçá, um boneco das Caldas.
Contudo, e na senda do supra exposto, peço justiça.
Nada disso.
Lembrei-me do episódio de uma colega de escritório que daqui saiu no fim do estágio. Tinha arranjado um emprego numa espécie de Secretaria de Estado do Turismo, mas não estou a ser preciso. Seria algo desse género.
Lá foi ela contar ao Ilustre e Distinto Chefe Supremo Cateran que ia embora. De onde estava, ainda se ouviam aqueles sons de alegria contida, expelidos em resposta quando alguém nos diz que ganhou € 5 numa raspadinha, ou quando um notável urso passa com 50% num teste.
Lá regressou ao posto e perguntei-lhe como tinha sido.
Foi então que me contou que tinha dado a novidade, ele tinha-se rido, dito qualquer coisa como "muito bem" (lá está, "ganhaste uma coca-cola extra? boa!") e rematado:
- Olha, lá para onde fores, vê lá se chegas a horas.
Sempre que a vejo (vivemos perto um do outro), é inevitável lembrar-me da história.