Um dos aspetos positivos da existência do autor deste blogue é a frequente mobilidade geográfica a que foi sujeito. Quer isto dizer, em palavras simples, que mudei frequentemente de casa, tendo encontrado em cada prédio um lar. Ao fim e ao cabo, são as pessoas que o fazem.
Pela primeira vez, naquele ano, que nem me lembro qual seja, passávamos o ano na nova casa.
Reuniu-se um porradão de gente. Havia espaço. Cada um levou a iguaria apropriada e a festa fez-se.
Quando pouco faltava para a meia noite, determinada convidada distribuiu aquelas velas que fazem faíscas nos bolos de anos pelos mais pequenos.
Contudo, não deu à mais nova.
A pequena, ao ver que todos tinham, menos ela, começou a chorar.
Aquele ano entrou comigo a ver lágrimas. Uma cara de tristeza e desespero. Uma dor que não se compreendia, um rosto que parecia que o corpo que lhe pertencia carregava o pecado inteiro do mundo.
Porque não lhe tinha sido atribuída uma vela.
terça-feira, dezembro 31, 2013
segunda-feira, dezembro 23, 2013
Sinceros votos de boas festas
Num longíquo ano, em que já havia sido adquirida uma fantástica câmera de filmar marca Sony, como sempre foi e será tradição, reuniu-se a família para celebrar o Natal "lá em casa".
Falham as memórias mais certas, mas há coisas que são nítidas, quanto mais não seja por se perpetuarem e replicarem no tempo. A mesa dos doces, a azáfama na cozinha, as conversas, os risos, os momentos.
Estavam todos vivos. Até os gatos.
Abrem-se as prendas.
O meu pai filma o momento. Quando se pensava que iriamos ver a alegria quase contagiante estampada nos rostos de quem vai perceber que segredos traz um embrulho, o filme mostrava uma outra cena: os supra citados gatos.
Um deles entretinha-se com os papeis e laços que constituiam os embrulhos.
O outro tinha subido à mesa e deleitava-se com a aletria.
A música de fundo da comédia era de risos e galhofa provocados pelos convivas.
Ainda no mesmo filme, ouvia-se uma expressão, posteriormente batida, porque repetida: "Ai, é o último natal, o último natal".
Claro que não foi o último natal. Para ela.
Como escreveu, não há muito tempo, Lobo Antunes: "Quando eu era pequeno ninguém morria. Porque carga de água se morre agora, pelo simples facto de eu ter crescido?".
Falham as memórias mais certas, mas há coisas que são nítidas, quanto mais não seja por se perpetuarem e replicarem no tempo. A mesa dos doces, a azáfama na cozinha, as conversas, os risos, os momentos.
Estavam todos vivos. Até os gatos.
Abrem-se as prendas.
O meu pai filma o momento. Quando se pensava que iriamos ver a alegria quase contagiante estampada nos rostos de quem vai perceber que segredos traz um embrulho, o filme mostrava uma outra cena: os supra citados gatos.
Um deles entretinha-se com os papeis e laços que constituiam os embrulhos.
O outro tinha subido à mesa e deleitava-se com a aletria.
A música de fundo da comédia era de risos e galhofa provocados pelos convivas.
Ainda no mesmo filme, ouvia-se uma expressão, posteriormente batida, porque repetida: "Ai, é o último natal, o último natal".
Claro que não foi o último natal. Para ela.
Como escreveu, não há muito tempo, Lobo Antunes: "Quando eu era pequeno ninguém morria. Porque carga de água se morre agora, pelo simples facto de eu ter crescido?".
sexta-feira, dezembro 06, 2013
Das fases
Ia constatar qualquer coisa, mas quero ser específico.
Naturalmente, não ando sempre angustiado. Há momentos de luz trazidos pela família e amigos. São espaços entre a sombra constante que tem sido a minha vida desde há mais de 4 anos a esta parte.
O que queria mesmo não era constatar, era mesmo perguntar: quando é que fui feliz mais de uns dias seguidos?
Terá havido uma fase em que andava, como se diz, bem?
É que não me lembro.
Naturalmente, não ando sempre angustiado. Há momentos de luz trazidos pela família e amigos. São espaços entre a sombra constante que tem sido a minha vida desde há mais de 4 anos a esta parte.
O que queria mesmo não era constatar, era mesmo perguntar: quando é que fui feliz mais de uns dias seguidos?
Terá havido uma fase em que andava, como se diz, bem?
É que não me lembro.
A propósito da morte de um Homem
Morreu Nelson Mandela.
Não sei o suficiente a respeito da sua vida. Sei qualquer coisa a respeito da sua luta. Aquilo que significou.
Lamentavelmente, o ano de 2013 teima em ceifar os melhores.
Que perdure na memória coletiva.
Não sei o suficiente a respeito da sua vida. Sei qualquer coisa a respeito da sua luta. Aquilo que significou.
Lamentavelmente, o ano de 2013 teima em ceifar os melhores.
Que perdure na memória coletiva.
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