Um dos aspetos positivos da existência do autor deste blogue é a frequente mobilidade geográfica a que foi sujeito. Quer isto dizer, em palavras simples, que mudei frequentemente de casa, tendo encontrado em cada prédio um lar. Ao fim e ao cabo, são as pessoas que o fazem.
Pela primeira vez, naquele ano, que nem me lembro qual seja, passávamos o ano na nova casa.
Reuniu-se um porradão de gente. Havia espaço. Cada um levou a iguaria apropriada e a festa fez-se.
Quando pouco faltava para a meia noite, determinada convidada distribuiu aquelas velas que fazem faíscas nos bolos de anos pelos mais pequenos.
Contudo, não deu à mais nova.
A pequena, ao ver que todos tinham, menos ela, começou a chorar.
Aquele ano entrou comigo a ver lágrimas. Uma cara de tristeza e desespero. Uma dor que não se compreendia, um rosto que parecia que o corpo que lhe pertencia carregava o pecado inteiro do mundo.
Porque não lhe tinha sido atribuída uma vela.