quinta-feira, março 30, 2017

Erros de percepção, sejam mútuos ou não

"Centeno rejeitou ter mentido na polémica sobre as declarações de rendimento e património da equipa de administradores da CGD liderada por António Domingues. Admitiu, contudo, um "erro de percepção mútuo", que levou Domingues a acreditar que a sua equipa estaria isenta de entregar aquelas declarações ao abrigo das alterações ao Estatuto do Gestor Público."

in: aqui 

Depois desta célebre expressão, que supra transcrevo, vieram a terreiro centenas (para ser conservador) de "tudólogos" explicar que isto não existia. Que um erro de percepção nunca pode ser mútuo", uma vez que a percepção é feita por uma pessoa, ou até mais, não pode é ser mútuo, porque, se uma pessoa explica, a outra percebe ou não, mas não podem as duas "não perceber".

Mantive-me céptico.  As possibilidades são infinitas e, como dizia o Dr. Malcom, "life finds a way".

Na passada terça-feira, life found a way.

O Samsung que me acompanha há três anos tocou. Do outro lado, uma voz. Dizia a mesma que trazia feedback positivo e que, qual encontro à americana que correu bem, queriam voltar a falar comigo.

O que sucedeu? Um erro de percepção mútuo. Na conversa que tive, uma conversa a três, para ser rigoroso, comprova-se que ninguém percebeu "ponta de corno". 

Pela minha parte, claro que não percebi o iter da converseta. Pela parte deles, não perceberam a verdade dos factos.

(E sim, estou a ser propositadamente vago).

Ergo, 

Erro de percepção mútuo.

O me quererem ver novamente, erro de percepção. Violadíssimo o princípio da causalidade. É como accionar o seguro sem sinistro.

O ser chamado, erro de percepção. Violadíssimo o princípio da culpa. É preciso ter consciência. Deixei-a em casa.

De parte a parte.

É mútuo.

Enfim, foi giro.

Uma esboço de reacção

De acordo com a Wikipedia, "Manuel João Gonçalves Rodrigues Vieira (Lisboa, 17 de outubro de 1962) é um músico e pintor português.

Filho mais velho do pintor português João Rodrigues Vieira, estudou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e foi membro do movimento homeostético, em conjunto com Pedro Proença, Pedro Portugal, Ivo Silva, Xana, e Fernando Brito. É professor na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha.

Fundador e vocalista das bandas Ena Pá 2000, Irmãos Catita e Corações de Atum, criou e encarnou diversas personagens em palco, como Lello Universal, Lello Minsk, Lello Marmelo, Orgasmo Carlos, Catita, entre outros. Recentemente uma sua biografia fictícia foi alvo de uma série de seis episódios intitulada Mundo Catita, transmitida em exclusivo na RTP2, em 2008, editado em DVD, em 2009 e, exibida na SIC Radical em Dezembro de 2010.

Foi um dos proprietários do Cabaret Maxime, junto à Avenida da Liberdade, em Lisboa.

Anunciou a sua candidatura a Presidente da República Portuguesa, em 2011 e em 2016."

Isto é dizer pouco. A biografia de alguém é, como terá sempre de ser, constituída por factos, de preferência o mais concreto possível. Mas é mais. Há sempre a marca que o biografado deixa na vida daqueles que, de forma mais ou menos directa, o seguem.

Manuel João Vieira deixa-me risos. Às vezes, risos imparáveis, daqueles que fazem chorar. Gargalhadas.

Por exemplo, o "És cruel". Não me consegui parar de rir quando o ouvi pela primeira vez. Depois seguiu-se a necessidade de ouvir tudo quanto me estava disponível de Ena Pá 2000, Irmãos Catita, Corações de Atum, por aí fora.

Ontem voltei a ouvir o tema que referi. A seguir a esse, apareceu o "Marilú". Não me lembrava dele.

Quando acaba o "Marilú" (n.d.r: digo "o" porque me refiro a ele como tema. Tema é masculino) surge o trabalho bem conseguido abaixo postado.

Como há algo em mim que aprecia a divulgação de tragédias cómicas, aqui fica.



sexta-feira, março 10, 2017

O chumbo é um metal pesado?

Número 141 de uma Avenida que, segundo me disseram, albergava um manancial de mulheres da vida.

Para uma meia hora em que se discutiram filmes, séries, música e outros deleites mundanos, vieram 60 minutos que, talvez para todo o sempre, me puseram no meu lugar. Me reduziram à insignificância que sou.

Lembro-me de Pedro Múrias, brilhante jurista com sentido de humor. Dizia ele, sobre determinada parcela do programa que "quem não sabe isto, não sabe nada".

"Imagine isto: celebra-se contrato-promessa de compra e venda de um imóvel. Preço: um milhão de euros. Você patrocina o vendedor, que a título de sinal e princípio de pagamento, recebeu meio milhão de euros. Marca-se a escritura. No momento, já no Cartório, o comprador passa um cheque do remanescente. A escritura faz-se, todos assinam. Quando se vai levantar o cheque, este não tem provisão.

Pergunto:

O negócio está feito?

O seu cliente é obrigado a aceitar o cheque?

Supondo que não aceita, como pode fazer para não perder o negócio?"

Naturalmente, caro leitor, eventualmente jurídico, o diálogo não foi tão escorreito como o pinto. Foi bastante mais confuso, Dali on scotch.

Alias, continuou. Com acidentes de viação.

Percebi o que valho.

Aprendi a minha lição.

quinta-feira, março 09, 2017

Gostava de escrever como um homem

Foi na quarta-feira que o meu filho começou a "adaptação" ao infantário. Primeiro uma hora, depois duas, finalmente quatro. Na segunda fará o dia todo.

Não vou estar aqui a tecer um tratado sobre a velhice que chega de surpresa e nos consome. Não, o que me faz sentir uma TPM Fox Life são as notícias.

Anuncia-se que uma bebé de oito meses morreu, num infantário de Lisboa. Para já, não há rigorosamente nada que indique responsabilidade por parte dos funcionários. Nem sei se é bom ou mau. É que, aparentemente, a menina teve "uma morte natural".

Isto pode acontecer. Quantas vezes ouvi falar no "síndrome da morte súbita" e associei ao unicórnio.

Mas aconteceu.

Ultimamente tenho sentido demasiada empatia. Para quem via a série do Hannibal, que passava num AXN qualquer, falo daquela empatia sentida pelo investigador, cujo nome não me recordo, mas vai chegar antes de acabar de escrever.

Estou ali. Vejo-me ali. Sinto-me ali. Olho para o lado. Certifico-me que, afinal, não é comigo.

Will Graham.

É isso.