Número 141 de uma Avenida que, segundo me disseram, albergava um manancial de mulheres da vida.
Para uma meia hora em que se discutiram filmes, séries, música e outros deleites mundanos, vieram 60 minutos que, talvez para todo o sempre, me puseram no meu lugar. Me reduziram à insignificância que sou.
Lembro-me de Pedro Múrias, brilhante jurista com sentido de humor. Dizia ele, sobre determinada parcela do programa que "quem não sabe isto, não sabe nada".
"Imagine isto: celebra-se contrato-promessa de compra e venda de um imóvel. Preço: um milhão de euros. Você patrocina o vendedor, que a título de sinal e princípio de pagamento, recebeu meio milhão de euros. Marca-se a escritura. No momento, já no Cartório, o comprador passa um cheque do remanescente. A escritura faz-se, todos assinam. Quando se vai levantar o cheque, este não tem provisão.
Pergunto:
O negócio está feito?
O seu cliente é obrigado a aceitar o cheque?
Supondo que não aceita, como pode fazer para não perder o negócio?"
Naturalmente, caro leitor, eventualmente jurídico, o diálogo não foi tão escorreito como o pinto. Foi bastante mais confuso, Dali on scotch.
Alias, continuou. Com acidentes de viação.
Percebi o que valho.
Aprendi a minha lição.