Dias é um nome a que associo caracóis. No verão (sobretudo no verão), é ir àquela rua ao pé da padaria e trazer aquele que é "o" petisco de final de tarde.
Por outro lado, dias são períodos de 24 horas que compõem um ano.
Contudo, há ainda quem associe dia ao período dessas 24 horas em que há luz. Depois de se extinguir essa luz, vem a noite.
Há pouco mais de uma semana, despedi-me do meu anterior emprego.
De lá para cá, fiz telefonemas, tive reuniões, tomei cafés e fui a almoços. Visitei sítios, fiz perguntas.
Hoje, assinei um contrato, estou numa boa sala (que ainda precisa dos seus ajustes, vá lá ver), consegui alguns clientes e não sinto a atroz presença de almas pouco pias.
Raios, nem tudo é ouro. E as perspectivas? Onde está a continuidade garantida do projecto? Onde estão os clientes que garantem o pagamento de contas?
Pois é. Pois é.
Ontem revisitei um filme que, como diz Nuno Markl, "dispõe bem". Dispenso-me de referir o nome. Basta-me atentar ao personagem principal que, ao longo da história, citava umas quantas regras que, garantia, o mantinham vivo.
A regra que mais dificuldade teria em respeitar era a n.º 32: Aprecia as pequenas coisas.
Ora, hoje, como disse, assinei contrato.
Como só hoje o assinei, o Senhorio fez um desconto de quase metade da renda devida, quando nada o fazia prever.
O escritório foi entregue devoluto, o que lhe dá uma nova cara.
Há promessa de benfeitorias porreiras.
Isto é apreciar as pequenas coisas.
Pode não parecer, mas acabo a semana com o brasileiro "alto astral".
São dias. Dos luminosos.
(Caros leitores, bem sei que isto é um espaço de auto-comiseração e sofrimento puro. Esse registo voltará quando, daqui a tempos, não houver dinheiro, ehehe).