Quando o sol se põe, começo a lembrar-me dele, por alguma razão.
O auge da sua falta foi, sem qualquer dúvida, no dia do meu casamento. Senti-me culpado. Por tantas coisas. A primeira foi por não o ter ali. Viu-me sair de casa. Ainda soube da minha mudança para outra casa. Não me viu casar.
Falava bastante com ele. Tinha posição sobre tudo, concordasse-se ou não com ela. Tinha perspectiva, observava. Seria excelente saber o que pensa e o que ele pensava sempre me interessou. Não era mau a julgar caracteres e já tinha visto umas coisas. E ainda há a questão do sentido de humor. Forte.
Nunca o conheci com os defeitos que, ao longo do meu crescimento, lhe foram apontando. Certamente que os teria, o meu ponto é que não os via. Comigo sempre foi acima de excelente.
Deixou mágoa. A partida mudou, de forma objectiva e necessariamente definitiva, a vida. A minha e outras.
E lembro-me dele, sobretudo, quando uma vez, sozinhos, depois de ouvir uma das minhas ladainhas sobre a inutilidade da existência, me disse, de forma avisada e sincera, que devia arranjar ajuda.
Bom, essa ajuda veio, de várias formas. Mais ninguém me teria dito "vai-te tratar" com a seriedade e amizade dele. Costumo odiar sinceridade, mas ali soube-me bem. Talvez por se ter dado um dos raros casos em que a verdade/sinceridade se adequava e mal não faria.
Recordo-o sorridente.
E isso é tudo.
terça-feira, junho 30, 2015
quarta-feira, junho 17, 2015
3 anos
Completam-se 3 anos, neste dia, desde que saí da casa dos meus pais e fui viver com "a tal", a que é hoje minha mulher.
Vou começar pelo inevitável chavão: passou a voar. Ainda me lembro como se tivesse sido há bocado. Saímos, ambos, das nossas origens e fomos ocupar a casa à tarde.
A casa era modesta, bastante humilde, mas serviu o seu propósito, o de albergar um jovem casal, durante pouco mais de um ano. As deficiências do imóvel eram algumas. As do lar nem tanto. Tive sérias infiltrações, rastejantes, frio de rachar e calor de assar.
Apesar de ter sido uma casa para esquecer, há de ficar sempre na minha memória. Porque, apesar de tudo, foi ali que começou a nova etapa da minha vida.
Vou começar pelo inevitável chavão: passou a voar. Ainda me lembro como se tivesse sido há bocado. Saímos, ambos, das nossas origens e fomos ocupar a casa à tarde.
A casa era modesta, bastante humilde, mas serviu o seu propósito, o de albergar um jovem casal, durante pouco mais de um ano. As deficiências do imóvel eram algumas. As do lar nem tanto. Tive sérias infiltrações, rastejantes, frio de rachar e calor de assar.
Apesar de ter sido uma casa para esquecer, há de ficar sempre na minha memória. Porque, apesar de tudo, foi ali que começou a nova etapa da minha vida.
terça-feira, junho 02, 2015
Ser Sócrates, ser 44
No passado dia 31 de Maio de 2015, o Sporting Clube de Portugal ganhou a sua 16.º Taça de Portugal.
Para a massa adepta de um clube que tem andado arredado, quer das discussões, quer dos títulos, significa muito ter o que festejar, quando, e sobretudo, a vitória é de uma raça inigualável.
No dia seguinte ao triunfo, quando venho trabalhar, lembro-me que tenho um cachecol guardado no armário do arquivo. Trata-se, obviamente, de um cachecol à Sporting, com símbolo, cores, the whole nine yards. Orgulhosamente, exibo-o, ainda que não ostensivamente, por cima de uma cómoda que habita o meu gabinete.
Durante o dia, ao receber clientes, e para não ferir susceptibilidades, arrumava-o. Contudo, quando a chamada costa estava livre, lá aparecia ele.
Os meus colegas, Benfiquistas agudos, ao verem aquilo, riam amistosamente, cumprimentavam-me pelo sucesso da minha equipa do coração. O próprio chefe, viu, gargalhou sonoramente e jamais me fez um reparo por ter ali colocado o artefacto.
Hoje, ao chegar, dou de caras, no gabinete onde cumpro calvário, com o irmão do patrão, figura a que já fiz referência no passado.
"Duarte, fui eu que te tirei o cachecol dali. Se a gente não queremos ser provocados, não podemos provocar. Eu conheço o meu irmão e sei que ele não gosta destas coisas. Eu conheço o meu irmão"
Senti-me um preso em Évora.
Para a massa adepta de um clube que tem andado arredado, quer das discussões, quer dos títulos, significa muito ter o que festejar, quando, e sobretudo, a vitória é de uma raça inigualável.
No dia seguinte ao triunfo, quando venho trabalhar, lembro-me que tenho um cachecol guardado no armário do arquivo. Trata-se, obviamente, de um cachecol à Sporting, com símbolo, cores, the whole nine yards. Orgulhosamente, exibo-o, ainda que não ostensivamente, por cima de uma cómoda que habita o meu gabinete.
Durante o dia, ao receber clientes, e para não ferir susceptibilidades, arrumava-o. Contudo, quando a chamada costa estava livre, lá aparecia ele.
Os meus colegas, Benfiquistas agudos, ao verem aquilo, riam amistosamente, cumprimentavam-me pelo sucesso da minha equipa do coração. O próprio chefe, viu, gargalhou sonoramente e jamais me fez um reparo por ter ali colocado o artefacto.
Hoje, ao chegar, dou de caras, no gabinete onde cumpro calvário, com o irmão do patrão, figura a que já fiz referência no passado.
"Duarte, fui eu que te tirei o cachecol dali. Se a gente não queremos ser provocados, não podemos provocar. Eu conheço o meu irmão e sei que ele não gosta destas coisas. Eu conheço o meu irmão"
Senti-me um preso em Évora.
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