Tenho viatura automóvel própria. Devo dizer, em abono da verdade, que é uma ferramenta de trabalho e lazer como nunca tive.
Não tenho casa própria, mas vivo numa arrendada, em Almada. E já lá vivo vai para dois anos.
É natural, quando não obrigatório, deslocar-me naquela que é a tradicional rotina pequeno-burguesa "casa-trabalho-casa".
Mas vale a pena ser específico. Durante a semana, a rotina exacta é: casa-trabalho-casa-trabalho-casa. E porquê? Porque a refeição a que se convencionou chamar almoço é tomada, por mim, em casa.
Não vem ao caso toda a miríade de complexos sócio-económicos que brotam deste estilo de vida.
Abrevio: no dia de hoje, quando vim a casa almoçar, estacionei a viatura onde estaciono sempre. Quando voltei, tinha uma notificação, a primeira da minha vida: não era uma multa de trânsito, nem de estacionamento. Isso viria depois. Depois do quê? Depois de falhar a oportunidade que me foi dada para pagar uma taxa indevida de ocupação de um lugar de estacionamento pago.
Adiciono mais umas variáveis:
- Em Almada, há 3 tipos de lugares de estacionamento (grosso modo): livres, para residentes e pagos.
- Tenho livre acesso aos lugares "para residentes";
- Estacionei naquilo a que apelidei de "lugar pago".
- Procurei e não havia qualquer lugar disponível para residente.
Pergunta-se:
Tendo em conta que:
- Os lugares pagos o são desde as 9 horas até às 19 horas, durante os dias úteis e das 9 horas até às 14h aos sábados,
- Que entro ao serviço depois das 9 horas,
Como é que é a minha vida?