(A história que se segue foi-me contada numa versão bem mais abreviada. Decidi alongar, para dar um enquadramento mais capaz)
Tudo se passa numa casa absolutamente normal, no seio de uma família tradicional. Como todas as outras, a família desta história também tinha que "fazer o tacho".
Uma vez que a imaginação não abundava, as refeições eram, frequentemente, as mesmas: carne assada com massa, carne assada com arroz ou carne assada com puré.
O agregado familiar era composto por pai, mãe e filho. O petiz, recente nestas coisas, foi enjoando o manjar até que, um dia, cheirando o hábito vindo da cozinha, perguntou ao seu velho:
- Oh pai, o que é o jantar?
Respondeu o pai:
- Carne assada, filho.
Irritado com o remake daquele pouco suculento filme de terror, o jovem não vai de modas e grita:
- NÃO GOSTO DE CARNE ASSADAAAAAAAA!
O sócio sénior previu aquele dia. Olhou para o seu rebento, respirou fundo e, com toda a calma da margem sul, pediu ao jovem que pusesse o dedo indicador direito dentro do lado direito da boca e o dedo indicador esquerdo do lado esquerdo da boca, ambos dobrados, a formar um pequeno gancho, cada gancho puxando para seu lado.
O filho achou piada ao exercício, quanto mais não fosse porque parecia que estava a fazer uma careta.
O pai pediu ao menor que mantivesse a dita careta e proferisse a frase chave: "não gosto de carne assada":
- Naum gochto de caaane achada" - Disse.
- Então come merda. - Replicou o pai.
No mundo laboral, quando estamos sujeitos às ordens de um sabujo qualquer que é patrão, isto acontece que uma frequência indesejada.
E olhem que até gosto de carne assada.