Para se ser advogado, deve fazer-se um estágio.
Actualmente, esse estágio demora cerca de 3 anos, um pouco menos se, como se diz na gíria, "correr tudo bem".
Quando me iniciei nas lides da advocacia, comecei por procurar um escritório que me acolhesse. O estágio postula várias formalidades e a principal é a existência de um patrono que, supostamente, acompanha, dirige, aconselha. Digo "supostamente" porque existe, no papel, essa obrigação. (Porém, na prática, um patrono é só um patrão que espera que o ofício esteja aprendido desde a barriga da progenitora. Podemos ter a sorte de perceber do assunto como um só "olhadela", e aí a coisa corre de feição, ou então, se todos forem como eu, de compreensão muito lenta, temos um problema.)
Como eu, no escritório, quando entrei, havia 4 estagiários. Duas senhoras e dois senhores, comigo incluído.
A primeira pessoa que me estendeu a mão e falou de igual para igual foi, na passada Segunda-Feira, prestar provas orais de agregação. Reprovou.
Daqueles 4, eu e o outro senhor fomos bem sucedidos, a senhora supra referida vai repetir a prova oral e a quarta, por razões burocráticas, ainda se vai apresentar a exame escrito.
Tudo o que está escrito supra não tem qualquer valor para o que me leva a escrever estas linhas.
Recentemente, outras estagiárias entraram no escritório onde estou.
O "Patrono", entrando no gabinete onde estava uma das novas estagiárias, depois de 30 segundos de conversa da treta, entra no assunto da reprovação.
A miúda nova, que irá ter um grande futuro no escritório, muito admirada, dizia que não entendia como é que a presidente do Júri que chumbou a colega tinha sido tão má, uma vez que era sua formadora na Ordem.
O "Patrono", cheio de si, respondeu que o problema não tinha sido do júri. O problema tinha sido a examinada, que não sabia, não fazia, não, não, não, um monte de "nãos", seguidos de notas pessoais em tons de nojo e depreciação.
Não a defendeu. À frente de um projecto de causídica, o "Patrono" deixou cair um seu outro projecto em forma de estagiário.
Há quem não valha nada.