quarta-feira, janeiro 18, 2012

Tocou o telemóvel.

O Pingo Doce tinha comprado a Vodafone, a rede que utilizava para as telecomunicações móveis. Era o momento de cobrar a dívida, pelo que se impunha o primeiro telefonema de cortesia a avisar que era devedor e teria mesmo de pagar. Tudo era dito com a uma voz feminina delicodoce, como, aliás, se impunha.

Nada era devido. Era o que faltava. O que impunham as condições contratuais era, tão-somente, um pagamento mensal de "X". A partir daí, "liberar geral".

Toca a campainha.

Era um anão. Vestia uma camisa vermelha, que estava fora das calças, calças essas que eram de ganga. Ou bege. Os sapatos eram pretos, a atirar para o verniz. O traço distintivo, para além do tamanho, era o cabelo. Enorme, encaracolado, seboso. Não com caracóis perfeitos "tipo-anuncio-da-pantene", mas umas curvas capilares.

- "Sim?"

- "Sou advogado de $%&/, ando à procura de um devedor. É a !"()?=.

-"E o que é que eu tenho a ver com isso?"

- "Você não foi advogado da !"()?= ?"

- "Não. Por acaso, já litiguei, também contra era".

- "Ou isso. Não me sabe dizer onde anda, ou sabe?" (A pergunta era parva. A devedora era pessoa colectiva.)