Passou-me qualquer coisa pelos olhos.
Aquele mendigo que vi na última vez que fui ao bairro. Aquele que, vestido como podia, arranjado como não estava, dormia dentro de uma dependência bancária, à espera que não fosse "varrido" dali para fora.
Era eu.
segunda-feira, dezembro 26, 2011
sexta-feira, dezembro 23, 2011
quarta-feira, dezembro 21, 2011
Os últimos
O ingresso foi em Setembro de 2009. Fervilhavam os ensinamentos jurídico-políticos numa cabeça assombrada por aquilo que tinha pouco reflexo prático. A carreira forense é diametralmente oposta à carreira académica. Dir-se-á mesmo que o único ponto comum é a omnipresença de legislação, elementar em qualquer dos casos. Fora isso, rien.
*
A transmissão do novo saber começou com atraso: diria Outubro ou Novembro. Havia curiosidade. Desde pequeno que tinha que saber por que regras me regia. Acho que foi isso. Uma opção, uma escolha materializada num formulário entregue em Setúbal. Depois foi o que se viu. Só faltaram as lágrimas ao sangue e ao suor. 5 anos da alta cozinha jurídica numa escola de excelência.
*
4 meses depois, marcava-se mesa no "Sabor Mineiro". Uma imensidão de gente. Era curioso o ritual. Afinal, incitava-se ao convívio, ao bom ambiente, até mesmo à farra. "Ou vais ao RS ou não te assino o relatório de estágio". A brincar, claro. Comeu-se, bebeu-se. Riu-se. Continuava fresco e imberbe (não se mudou muito até hoje). Era estupendo ver que o trabalho também tinha uma dimensão socialite. Faz falta. Lá se foi para o RS, uma discoteca da moda. A visita durou uns amáveis 10 minutos.
*
Durante 5 anos, nasce e morre muita gente. Fisica e socialmente. O mesmo é dizer que corre muita água por baixo das pontes, meanwhile. Como na economia, onde tudo se pode representar por gráficos, também os certames desta índole gozavam de uma representação parecida à curva de Laffer, seja lá o que ela for. Do primeiro nem há lembrança se existiu. Admite-se que sim e até se acha que se sabe com quem. Só podia, na altura. Mas, como se demonstra, valeu zero.
*
2 anos passam. Já foi ontem. É a naturalidade que leva à escrita das linhas. Na verdade, aquele foi o último. Não haverá outro, seguramente, não com aquelas pessoas naquelas circunstâncias. Para o ano, isto não se escreve e terá passado mais uma fase. Naturalidade. Nem nostalgia, nem sentimento de saída. Sem drama. Estranho, porque a eles haveria lugar e não houve. Aceitou-se. Só pode querer dizer isto.
*
Os momentos que antecedem o encontro estão ligados à vida académica na fase mais generosa: terminada uma simulação processual, havia que seguir-se a celebração sazonal. Na altura, crê-se que só um dos convivas ganhava ordenado. Os outros só estudavam. Havia que ir ao encontro de todos os bolsos. Cantina do ISCTE, como era conhecida. Foi lá. O melhor. Até se recorda o prato: jardineira. Mais novos, mas tão felizes. Não interessava o "onde". Logisticamente, requeria-se o "quando". O "porquê" era adquirido: o desejo era de união, aproveitar aqueles últimos dias em que a manhã era teórica e a tarde prática. Trocaram-se prendas. Contaram-se piadas. Estava lá tudo. Também estavam lá todos.
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Foi o último.
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A transmissão do novo saber começou com atraso: diria Outubro ou Novembro. Havia curiosidade. Desde pequeno que tinha que saber por que regras me regia. Acho que foi isso. Uma opção, uma escolha materializada num formulário entregue em Setúbal. Depois foi o que se viu. Só faltaram as lágrimas ao sangue e ao suor. 5 anos da alta cozinha jurídica numa escola de excelência.
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4 meses depois, marcava-se mesa no "Sabor Mineiro". Uma imensidão de gente. Era curioso o ritual. Afinal, incitava-se ao convívio, ao bom ambiente, até mesmo à farra. "Ou vais ao RS ou não te assino o relatório de estágio". A brincar, claro. Comeu-se, bebeu-se. Riu-se. Continuava fresco e imberbe (não se mudou muito até hoje). Era estupendo ver que o trabalho também tinha uma dimensão socialite. Faz falta. Lá se foi para o RS, uma discoteca da moda. A visita durou uns amáveis 10 minutos.
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Durante 5 anos, nasce e morre muita gente. Fisica e socialmente. O mesmo é dizer que corre muita água por baixo das pontes, meanwhile. Como na economia, onde tudo se pode representar por gráficos, também os certames desta índole gozavam de uma representação parecida à curva de Laffer, seja lá o que ela for. Do primeiro nem há lembrança se existiu. Admite-se que sim e até se acha que se sabe com quem. Só podia, na altura. Mas, como se demonstra, valeu zero.
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2 anos passam. Já foi ontem. É a naturalidade que leva à escrita das linhas. Na verdade, aquele foi o último. Não haverá outro, seguramente, não com aquelas pessoas naquelas circunstâncias. Para o ano, isto não se escreve e terá passado mais uma fase. Naturalidade. Nem nostalgia, nem sentimento de saída. Sem drama. Estranho, porque a eles haveria lugar e não houve. Aceitou-se. Só pode querer dizer isto.
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Os momentos que antecedem o encontro estão ligados à vida académica na fase mais generosa: terminada uma simulação processual, havia que seguir-se a celebração sazonal. Na altura, crê-se que só um dos convivas ganhava ordenado. Os outros só estudavam. Havia que ir ao encontro de todos os bolsos. Cantina do ISCTE, como era conhecida. Foi lá. O melhor. Até se recorda o prato: jardineira. Mais novos, mas tão felizes. Não interessava o "onde". Logisticamente, requeria-se o "quando". O "porquê" era adquirido: o desejo era de união, aproveitar aqueles últimos dias em que a manhã era teórica e a tarde prática. Trocaram-se prendas. Contaram-se piadas. Estava lá tudo. Também estavam lá todos.
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Foi o último.
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sexta-feira, dezembro 16, 2011
Uma grande amiga minha anunciou-me, hoje, que vai sair de casa dos pais.
Foi das melhores notícias que poderia ter ouvido.
Desde que a conheço que teve esse desejo. De se emancipar, de ter a sua vida, o seu espaço. O seu "pequeno T2 onde pudessem viver os dois", lá dizia a música.
Em Janeiro lá está ela.
(Penso quando chegará a minha altura. Alegre, acho que já esteve mais longe.)
Há dias do camandro.
Foi das melhores notícias que poderia ter ouvido.
Desde que a conheço que teve esse desejo. De se emancipar, de ter a sua vida, o seu espaço. O seu "pequeno T2 onde pudessem viver os dois", lá dizia a música.
Em Janeiro lá está ela.
(Penso quando chegará a minha altura. Alegre, acho que já esteve mais longe.)
Há dias do camandro.
sexta-feira, dezembro 02, 2011
A propósito do "Método Perigoso", veio-me à cabeça um problema de sempre: limites.
Uma das questões que é levantada, e até debatida, no filme, é a da repressão sexual. As teses, primordialmente, tendem a favorecer a ideia de que não deve existir essa repressão, sob pena de se dar origem a comportamentos mais explosivos.
O problema de defender, ou não, a repressão, seja ela qual for, é saber onde se traçam limites. Porém, já saber onde se traçam limites é uma questão de critério. Achá-lo é o diabo.
(Tinha escrito um texto com algumas páginas, mas decidi apagá-lo. Um tema destes não se trata com leviandade).
Depois daquelas máximas ("o Homem é um fim em si mesmo), tenho só a dizer que, tantos os limites, como o inferno, são os outros.
Perceber até onde aguentam é o critério.
Uma das questões que é levantada, e até debatida, no filme, é a da repressão sexual. As teses, primordialmente, tendem a favorecer a ideia de que não deve existir essa repressão, sob pena de se dar origem a comportamentos mais explosivos.
O problema de defender, ou não, a repressão, seja ela qual for, é saber onde se traçam limites. Porém, já saber onde se traçam limites é uma questão de critério. Achá-lo é o diabo.
(Tinha escrito um texto com algumas páginas, mas decidi apagá-lo. Um tema destes não se trata com leviandade).
Depois daquelas máximas ("o Homem é um fim em si mesmo), tenho só a dizer que, tantos os limites, como o inferno, são os outros.
Perceber até onde aguentam é o critério.
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