Saíam, volta das 14 horas.
O espaço que separava a porta da rua com a porta do carro não chegava a liquidar-se em 100 metros. Era, claramente, menos.
A conversa era a banal. Entre explicações do caso e a graçola de oportunidades, os três que partilhavam as palavras encontra um cavalheiro a limpar algo.
Era o seu camião "de fazer negócio". Todo ele de um branco angelical. Até ontem à noite. De um momento para o outro, o alvo veículo estava todo "grafitado". Os desenhos não tinham ponto de partido e certamente nunca iriam chegar.
"Viram isto muito branquinho", disse o homem que aplicava a esfregona conta a tinta. "Mas até ficou giro!". Surpresa. Ele ria-se. Achou um piadão. Estava a limpar somente o que achava imperfeito. Aparentemente, aquele acto de vandalismo foi um favor que lhe fizeram.
Os impostos vão aumentar. Muitos deles. Os salários vão descer. Para o ano estamos mais pobres. Vamos sair por cima. Porque vamos ver estes ataques como um grafiti num camião branco. Limpamos o que está a mais e vivemos com o novo desenho. Vamos adorá-lo.
Maldita a hora que inventaram a economia.