O tempo demora a passar. Mas demora mesmo.
Não estou a falar de dias, nem de horas.
Os meses passam devagar. Os anos parecem tinta a secar numa tempestade de inverno.
Os ponteiro não avançam, nada se dá.
Tenho que mudar de profissão. Acho que morrem sonhos de sociedades conjuntas, amigos a trabalharem no bem comum. Nasci para ser caixa, repositor, empregado de balcão, quiçá empregado de mesa (que ninguém ouse pensar que estou a rebaixar estas profissões! Estou só a dizer que, naturalmente, são muito menos técnicas que as minhas actuais funções...e não necessitam de tanta qualificação)
Não tenho jeito para isto, como tantas vezes terei dito ao E. e à E. Na verdade, nos últimos tempos tenho lutado contra a evidência, mas lutado a sério. Não tenho como fugir à verdade. As coisas são o que são. Isto não é a minha praia.
Só queria acabar isto para ter a sensação do dever cumprido. Depois disto...ninguém sabe. Nem eu.
O tempo demora a passar.
Quem me dera que esse dia fosse amanhã.
(Estou farto daquela realidade. Farto daquela miséria fingida. Farto daquela presunção que não conhece limites. Não tenho outro remédio.)