quarta-feira, julho 17, 2019
Foi hoje, dezassete de julho de dois mil e dezanove
Cumpriram-se, finalmente, os três "P" (pês) do Dr. Edgar Valles.
terça-feira, maio 07, 2019
segunda-feira, janeiro 28, 2019
A falta de conhecimento, escolaridade, em suma, de vida
Neste primeiro post do ano, carrego comigo algumas dúvidas. Umas não consigo resolver; para outras tenho uma tese.
Lembro-me de ser mais novo. Lembro-me da chegada lá a casa de um PC Commodore 386 que permitia, basicamente, jogar elifoot, solitaire e editar texto. Atenção: que avanço! É que, antes, os meus pais, Professores de profissão, usavam a boa e velha máquina de escrever para elaborar os seus testes e trabalhos.
Por essa altura, não havia correntes de ódio virtuais, fosse no Facebook ou noutra rede social. Não existiam redes sociais. A expressão "conversa de café" era uma realidade. Pela minha parte o "café" das conversas era "O Abrigo", conhecido como o Sr. Alberto, dono do estabelecimento. Nesse local, o mundo. O empregado das obras sabichão, a senhora de bem que tomava o seu chá, a classe média do "café para acordar". O Correio da Manhã entretinha-se com fait divers apenas relevante para uma parte mais anciã da sociedade, talvez mais interessada. Pontificava o "Crime", "O Diabo" e o "Tal e Qual" na imprensa sensacionalista, jornais que serviam mais de punch line que outra coisa.
A conversa podia ser uma indignação, um apontamento que tinha deixado alguém de bem como o mundo, qualquer coisa. A conversa nunca era sobre um vídeo de bullying policial, sobre um qualquer advogado a mandar algum assessor parlamentar "para a terra dele", ou sobre uma pira viking onde teria de arder algum ex-ministro recentemente instalado na hotelaria alentejana.
Tempos mais simples, mas também menos dados ao ódio. Nada escalava. Na melhor das hipóteses, contribuía para o aperfeiçoamento pessoal, através de boas e sustentadas discussões. Na pior, tudo e todos não passavam de "bandidos que só queria mamar" e a coisa ficava por ali.
A minha primeira dúvida é, então, a seguinte: de onde vem todo este ódio? Tudo, hoje em dia, é um confronto: polícia vs comunidades "guettizadas"; Governo vs Professores; Função pública vs trabalhadores do privado; Enfermeiros vs Doentes.
Para isto, tenho uma tese, que se resume ao título deste post.
O grande problema das sociedades contemporâneas e, no limite, todo e qualquer utilizador de redes sociais, sejam elas quais forem, é a falta de conhecimento, escolaridade e vida, no sentido de vivência. Muitas vezes, falta disto tudo, na maior parte das vezes, falta conhecimento.
Tudo se resume ao imediatismo: "vi alguém a ser agredido, há que linchar o agressor"; "fui ao médico e havia greve, Deus proíba que me falhem estes chulos."
Não há uma pergunta, uma intenção.
Só há vontade. De agredir. Se punir. Sem julgamento ou conhecimento de causa.
Para além do ar dos dias, cada um tem que tratar das suas feridas sentimentais, nos versos de Jorge Palma.
As minhas dúvidas pessoais são de outra ordem e não há tese que lhes responda.
Num julgamento que fiz com outro Colega, tive a oportunidade de lhe referir que a Juíza tinha exercido funções no Seixal. Sabia disto porque tinha estado em sessões com ela. O tal Colega nunca a tinha visto mais gorda.
Chegando a fase das alegações, a páginas tantas, o Colega, e bem, diz qualquer coisa como "veio a Meritíssima Juíza do Seixal para chegar a Lisboa e ver este triste espetáculo". Como por magia, abriu-se um sorriso na Decisora que se manteve até final.
No final, a Juíza aproxima-se desse Colega e diz, sempre com o sorriso: "Doutor, estivemos juntos no seixal? Eu gostava de lá estar, só que moro em Lisboa e dá mais jeito". A conversa terá durado mais 10 segundos, preenchida por nano-mini-micro graçolas de ocasião.
Eu só posso aplaudir o Colega. Nunca na vida me lembraria de alegar a anterior morada profissional de um magistrado para granjear fosse o que fosse. Mas ele lembrou-se. Eu não.
Então, porquê?
Lembro-me de ser mais novo. Lembro-me da chegada lá a casa de um PC Commodore 386 que permitia, basicamente, jogar elifoot, solitaire e editar texto. Atenção: que avanço! É que, antes, os meus pais, Professores de profissão, usavam a boa e velha máquina de escrever para elaborar os seus testes e trabalhos.
Por essa altura, não havia correntes de ódio virtuais, fosse no Facebook ou noutra rede social. Não existiam redes sociais. A expressão "conversa de café" era uma realidade. Pela minha parte o "café" das conversas era "O Abrigo", conhecido como o Sr. Alberto, dono do estabelecimento. Nesse local, o mundo. O empregado das obras sabichão, a senhora de bem que tomava o seu chá, a classe média do "café para acordar". O Correio da Manhã entretinha-se com fait divers apenas relevante para uma parte mais anciã da sociedade, talvez mais interessada. Pontificava o "Crime", "O Diabo" e o "Tal e Qual" na imprensa sensacionalista, jornais que serviam mais de punch line que outra coisa.
A conversa podia ser uma indignação, um apontamento que tinha deixado alguém de bem como o mundo, qualquer coisa. A conversa nunca era sobre um vídeo de bullying policial, sobre um qualquer advogado a mandar algum assessor parlamentar "para a terra dele", ou sobre uma pira viking onde teria de arder algum ex-ministro recentemente instalado na hotelaria alentejana.
Tempos mais simples, mas também menos dados ao ódio. Nada escalava. Na melhor das hipóteses, contribuía para o aperfeiçoamento pessoal, através de boas e sustentadas discussões. Na pior, tudo e todos não passavam de "bandidos que só queria mamar" e a coisa ficava por ali.
A minha primeira dúvida é, então, a seguinte: de onde vem todo este ódio? Tudo, hoje em dia, é um confronto: polícia vs comunidades "guettizadas"; Governo vs Professores; Função pública vs trabalhadores do privado; Enfermeiros vs Doentes.
Para isto, tenho uma tese, que se resume ao título deste post.
O grande problema das sociedades contemporâneas e, no limite, todo e qualquer utilizador de redes sociais, sejam elas quais forem, é a falta de conhecimento, escolaridade e vida, no sentido de vivência. Muitas vezes, falta disto tudo, na maior parte das vezes, falta conhecimento.
Tudo se resume ao imediatismo: "vi alguém a ser agredido, há que linchar o agressor"; "fui ao médico e havia greve, Deus proíba que me falhem estes chulos."
Não há uma pergunta, uma intenção.
Só há vontade. De agredir. Se punir. Sem julgamento ou conhecimento de causa.
Para além do ar dos dias, cada um tem que tratar das suas feridas sentimentais, nos versos de Jorge Palma.
As minhas dúvidas pessoais são de outra ordem e não há tese que lhes responda.
Num julgamento que fiz com outro Colega, tive a oportunidade de lhe referir que a Juíza tinha exercido funções no Seixal. Sabia disto porque tinha estado em sessões com ela. O tal Colega nunca a tinha visto mais gorda.
Chegando a fase das alegações, a páginas tantas, o Colega, e bem, diz qualquer coisa como "veio a Meritíssima Juíza do Seixal para chegar a Lisboa e ver este triste espetáculo". Como por magia, abriu-se um sorriso na Decisora que se manteve até final.
No final, a Juíza aproxima-se desse Colega e diz, sempre com o sorriso: "Doutor, estivemos juntos no seixal? Eu gostava de lá estar, só que moro em Lisboa e dá mais jeito". A conversa terá durado mais 10 segundos, preenchida por nano-mini-micro graçolas de ocasião.
Eu só posso aplaudir o Colega. Nunca na vida me lembraria de alegar a anterior morada profissional de um magistrado para granjear fosse o que fosse. Mas ele lembrou-se. Eu não.
Então, porquê?
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