segunda-feira, janeiro 27, 2014

O ninho e quem o vê de longe

Quando comecei a namorar com ela, separavam-nos dezenas de minutos.

Quando me encontrou, havia um poiso comum, para afastar a palavra lugar. Havia um espaço que, para além dos outros todos, era só nosso. Com o parco dinheiro (porque o dinheiro nunca será demais), faziamos as nossas flores: os passeios, os gelados, o cinema, o singelo café, onde a descoberta era permanente e sempre no sentido ascendente.

Durante vários anos, fomos cimentando o lar íntimo em tardes semanais passadas naquele que será sempre o nosso ninho de princípio de vida: a cidade de Lisboa.

Horas passadas na baixa, no Saldanha, no jardim botânico, no Parque das Nações. Entre as nossas casas, Lisboa.

Devo à cidade incontáveis horas do chamado pelos anglo-saxónicos "quality time"

Com ela.

Hoje, do Olissipo romano guardo as saudades, que trato de assassinar quando surge a oportunidade. Mais que um espaço, foi um símbolo de tudo quanto se e é de tudo quando damos e recebemos.

No Sábado, quando a noite estava madura, ambos observávamos, do nosso novo lado, aquela que permitiu que ali chegássemos.

Em breves minutos, um pouco como aquelas experiências quase-morte, vi aquela parte da minha vida a passar-me à frente dos olhos.

Vi um caminho que percorri. Com ela.

O passo que se seguiu foi só o lógico.

E é sempre sublime quando o lógico se cruz com o desejado.