Acho que voltámos à luta de classes.
Como em tudo no mundo moderno, houve especialização.
Hoje, já não há aquele conceito de combater a burguesia. Ela própria está estratificada. São os próprios burgueses que se matam entre si. Os trabalhadores do sector público contra os do sector privado. Aqueles que têm um contrato sem termo e aqueles que trabalham a recibos verdes. Por aí fora.
Quando comecei a escrever neste blogue (já não sei há quanto tempo), nunca pensei que chegássemos a este nível.
Chegámos.
Dou por mim a pensar em tudo o que oiço e leio quotidianamente. Quando é notório que há uma clara aposta na política de terra queimada, na "regeneração moral" da sociedade, sendo tudo isso conceitos que abomino e defendo que deveriam ser criminalizados, encontro-me, vezes demais, perto daqueles que vêem a solução a chegar sob a forma de bomba atómica, com mortos e feridos, mas mais mortos que feridos.
Quando, hoje, mais do que nunca, era necessário um consenso, mas não um consenso "a la PR", os elementos da sociedade estão uns contra os outros.
Porque são invejosos.
Porque em casa onde não há pão todos ladram e ninguém tem razão.
Ao fim deste tempo todo, sem escrever, acho que não estive bem ciente do que é o País nos dias que correm. Hoje, sei que ele já não existe para além da formalidade.
Já não há Portugueses, há habitantes do território chamado Portugal. Já não há cidadãos, há funcionários públicos, funcionários privados e, fundindo os dois, há contribuintes, sujeitos passivos.
Uma coisa é boa, no meio disto tudo. Chegou, finalmente, a certidão de óbito do D.Sebastião.