Não, desta vez a contagem vem a ser outra.
Levantei-me.
Ao contrário dos outros dias em que se trata do mesmo tema, hoje senti-os.
Senti-os muito bem.
Em cada perna, nas costas, na cabeça. Levantei-me mais antigo.
Não vale a pena pôr-me aqui a chorar. Espero viver uma vida longa, sobretudo, que ate agora não tenha atingido somente um terço da minha existência.
Mas hoje senti-os.
Foi, em tudo, diferente.
Já não me levantei para ir à escola.
Também não tive uma hora de almoço passada numa qualquer cantina.
Durante cerca de uma hora e meia, a verdade é que, enquanto me deleitava com o sabor do camarão e da lagosta, via, naquela mesa, grande parte dos meus amigos. Não estavam lá todos. Outros há que passaram o ano comigo. Também existem aqueles que estiveram em serviço familiar. Naquelas três pessoas estão três fundações do meu carácter. Três influências. Até mesmo três preocupações.
Caramba, sempre o três.
Hoje, que não ganho o mesmo que o Ronaldo, não tenho a sapiência do Sobrinho Simões nem o talento de um Nuno Lopes, senti-me um Português feliz.
Pode parecer que não (alias, quem me vir nega logo), mas hoje, graças às almas que me acompanham, que se lembraram e que comigo hão de estar, posso dizer que já estive pior.
Ainda sou um gajo novo.
(Eis o texto mais batido de sempre)