terça-feira, maio 27, 2014

Um bocado a respeito da causa e efeito, mas de uma perspectiva íntima

Ato de Contrição

Pelo que não fiz, perdão!
Pelo tempo que vi, parado,
correr chamando por mim,
pelos enganos que talvez
poupando me empobreceram,
pelas esperanças que não tive
e os sonhos que somente
sonhando julguei viver,
pelos olhares amortalhados
na cinza de sóis que apaguei
com riscos de quem já sabe,
por todos os desvarios
que nem cheguei a conceber,
pelos risos, pelas lágrimas,
pelos beijos e mais coisas,
que sem dó de mim malogrei

— por tudo, vida, perdão!


Adolfo Casais Monteiro

sexta-feira, maio 23, 2014

Lembrar-me

Como um boomerang bem arremessado.

Esta música volta a mim, sempre sempre, nesta altura do ano.

Lembra-me do começo. Da falta de ar. De me remeter sempre para ela. De entre tantas coisas que nos uniam, a música, a espaços, sempre foi um pouco como o mar.

Regressar à experiência que é ouvir este tema é regressar a um dos muitos inícios que fui tendo. (O que é a vida, afinal, senão uma data de inícios?) Neste caso específico, um início de paixão que perdura. Um início que nunca teve fim.

À beira de completar sete anos de uma sublime união, vejo que o inexplicável que vai cá dentro não mudou.